Saturday, January 21, 2006


Phaseolus vulgaris,...a arma secreta!

Preparem-se!...Quando o Tio Sam descobrir que nós temos uma arma químico-biológica muito mais potente que o pessoal do Oriente é que vão ser elas!...Até vai deitar fumo!... e o cheiro!...Mmmmm
Quem diria que este simples e vulgar legume pudesse ter assim um percurso tão nobre, digno de semelhante menção!...
Falamos do nosso querido e estimado feijãozinho, multicolorido, que cresce em vagens, amarinhando mais, ou menos, clandestinamente pelas canas acima, em todos os quintalejos deste nosso Condado.
Alguns etimologistas mais ousados atribuem a origem do nome deste legume como sendo proveniente da palavra indo-europea 'Bhabha', mas estou convencido que é daí que vem o nome de fava, um outro tipo de feijão, também primo da família das Leguminosas.
O feijão é um dos alimentos mais comuns do mundo, havendo mais de 150 espécies diferentes. Também apelidado de 'carnes dos pobres', pelas suas qualidades albuminóides, tão rico em proteinas, e pelo facto de se poder secar e usar durante o Inverno, quando os vegetais frescos são mais escassos, e nós andamos que nem umas baratas perdidas pela cozinha fora, á procura de ingredientes para confecionar as nossas já tão apreciadas iguarias. Afinal, que é que dispensa uma rica Feijoada, seja ela feita á Moda do Porto, ou á Brasileira, ou mesmo um simples petisco como o Arroz com Feijão, tão típico da zona Veneziana!...Nós queremos é feijão!...Além disso, sem ele, não seria possível enviarmos fragatas para o Golfo Pérsico, ou vocês pensam que as embarcações da nossa Marinha de Guerra navegam a gasolina ou a carvão?!... Nós, afinal, preocupamo-nos com a natureza, e utilizamos gas natural, sim!... Aqueles marinheiros são todos alimentados a feijão, e depois são colocados numa sala herméticamente fechada onde a pressão é condensada, e os gases são lentamente encaminhados, através de uma complicada esquadria de tubos e válvulas, em direcção á sala das máquinas que utilizam o referido gás para duas funções específicas; a primeira consiste na sua utilização como combustível gasoso. A segunda função é de teor defensivo, dentro de parâmetros restrictos de guerra químico-biológica, e por questões de segurança militar, não podemos desvendar o processo dessa função, mas podemos adiantar que é um tipo de arma utilizada com frequência nos nossos transportes públicos do Reino, nomeadamente nos Coches, na esperança de obter um lugar, ou para simplesmente criar espaço á nossa volta!...Estão a perceber, decerto?...
Em nota de rodapé, cada um vive com aquilo que tem, e nós, somos pobrezinhos de currentes estratégias políticas ou de equipamento militar á altura de qualquer país sub-desenvolvido!... mas somos ricos de origens, de espírito, e de memória histórica, principalmente de há 500 anos atrás, e temos uma rica reserva de armamento tóxico-núclear, consistente de inúmeras latas de feijão, em todas as dispensas dos nossos quartéis, para o caso de uma invasão do Tio Sam, que se eles aqui viessem, esta gaita até chiava!...E não havia fato químico que os salvasse!...Ai isso não!...
O feijão tem sido cultivado em várias regiões do mundo, durante séculos, e são capazes de ter tido origem na América do Sul, de onde foram trazidos, entre outras riquezas igualmente roubadas pelos exploradores espanhóis, como presente para o Rei Carlos V de Espanha. Os espólios do Novo Mundo...Como o Carlos V não percebia nada de agricultura, nem de cozinha, ofereceu um saco deles ao Papa Clemente VII, que era da família dos Medici, que por sua vez, também bom conhecedor de coisas de cruzes, mas pouco de agricultura, os ofereceu a Piero Valeriano, conselheiro-mor de familiares do referido Papa, tendo então, finalmente, os ditos e viajados feijões sido introduzidos na Itália por este afamado Valeriano. Ora, o Valeriano descreveu, em pormenor, o processo de germinação e cultivação do feijão, numa enciclopédia que escreveu, intitulada Hieroglifica. Será ainda justo mencionar a disseminação dos feijões, pela família dos Medici, em terras de França, quando a Catarina de Medici levou, como parte do seu enxoval, um saquito de feijão para França, nas bodas do seu casamento com Henrique II, Rei de França. 'Tomai estes feijões convosco, real senhora...', dizia-lhe a ama antes da partida, '...e se vos encontrares em situação de perigo, tomai as ditas sementes de uma só vez, com água, e Deus vos proteja com os abençoados efeitos que tivereis contra os malditos que vos importunam!...' (não sei porquê, mas ainda hoje levamos estas historias á letra!) A verdade é que os feijões fazem parte integrante da nossa culinária, nomeadamente através de sopas, feijoadas e dobradas, e até se utilizam para a confecção de doces.
Nas nossas nobres e estimadas cozinhas, o feijão é utilizado diariamente pela plebe, como fonte de alimentação, e como entretenimento (os concertos de som são admiráveis!...), e igualmente para a satisfação das nossas próprias e estimadas pessoas, em ricas e abastadas receitas, tais como a dos famosos Pastéis de Feijão!...
Nas nossas cozinhas, estes pastéis fazem-se assim, para a massa, misturam 300 gramas de farinha, uma pitada de sal, e 1 decilitro de água. Trabalhem bem a massa!...nunca ouviram falar do pão que o diabo amassou?...é a mesma coisa!...Muito bem amassada, a massa, embrulhada num pano seco, e outro húmido, e guardam até ser precisa. Para o recheio, levam ao lume 400 gramas de açucar com 1,5 decilitros de água, e deixam ferver 5 minutos. Num recipiente, misturam as gemas de 12 ovos com 100 gramas de feijão cozido, reduzido a puré, e 100 gramas de amêndoa ralada. Depois de isto estar tudo muito bem misturado, juntam um pouco da calda de açucar, mexendo sempre muito bem, e adicionam, pouco a pouco, o resto da calda. Levam esta mistura ao lume, e deixam ferver mais 5 minutos. Depois disso, estendem então a massa, e forram as forminhas. Enchem as formas com o recheio, e vai ao forno, a cerca de 220ºC, durante 30 minutos, e isto é a olho!...
Beijinhos e Bom Apetite, das nossas Nobres Cozinhas!
CBC

5 Comments:

Anonymous Anonymous disse...

Tivessem os chineses descoberto o feijão, mesmo que o de soja, antes de elaborarem a fórmula da pólvora, o destino do mundo poderia ter sido outro.
É que a fermentação intestinal do humilde feijão pode ser mais mortífera e sem fumo que a da sua congénere mesclada de sílica, carvão e enxôfre.
Se a essa opção perdida, tivessem os filhos do Celeste Império adivinhado o poder da descompressão dos gases, o mundo seria hoje um local mais belo para se viver. As intoxicaçõesa seriam de curta duração, as mortes muito reduzidas, a destruição física das cidades eliminada.
O número crescente de filhos gerados na China, apropriadamente alimentados de feijão, constituíriam uma das mais poderosas armas artilheiras jamais exploradas, sem a necessidade de produtoras de aço para canhões.
Vários milhares de pálidos cús virados para o Ocidente, fariam mais estragos que o Gengis Cão ou qualquer outro mongol migrante a seguir a rota do sol.
E Portugal podria ter feito a sua fortuna com isso no fornecimento de rolhas de cortiça suficientemente bem talhadas, não só para ajudarem ao processo de fermentação como ainda para poderem ser utilizadas como projécteis percursores de verdadeiras ondas de merda e bufas capazes de destruír o melhor dos exércitos ocidentais.
Das oportunidades perdidas não reza a História, algo que não podemos re-escrever mas que nada custa imaginar.
Senhor de Pendão e Caldeira do Condado de Montanelas, juro por minha fé que se for atacado por qualquer exército tenebroso, equiparei as minhas tropas com sopa, conduto e pastelaria de feijão acompanhados de leite de soja. E que ninguém se atreva a passar à frente dos cús da vilanagem!
Arraial, arraial, por el-rei de Portugal e da força peidorreidal!

5:25 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Eu sou obrigada a dizer para os Nobres Senhores, que isso aqui é mesmo muito engraçado e divertido!!! Sinceramente eu não sei de onde conseguem tirar tamanha criatividade para explicar coisas totalmente destrambelhadas...
Ops!!! Está bem!!! Não preciso mesmo saber do foco de origem, pois a culpa poderá ser dirigida dirigida aos resultantes do coitado do feijão...

E por falar em feijões, temos aqui uma receita de feijoada para o verão, que é bem deliciosa e aí vai:

Coloque uma porção razoável e na proporção da fome de cada um, de feijão branco, para cozinhar em panela de pressão com temperos do gosto e isso, depois de tê-los deixado em água fria por 2 horas, para amaciar.
Separadamente, prepare camarões de tamanho médio, ao bafo, sem cascas e em alho e óleo. Coloque algumas postas de peixe de carne firme (aqui usamos os xernes, garoupas, brotas...), para grelhar e tudo isso, muito superficialmente, pois os frutos do mar serão jogados para dentro da panela de feijão, tão logo ele esteja cozido e levemente cremoso. Das partes que restaram do peixe, dos camarões e de outros bichinos que por ventura forem usados, prepara-se à parte, um caldo com ervas finas, que servirá para ser acrescentado ao feijão durante o cozimento, tomando-se o cuidado de coar o caldo, anted de colocar no feijão. Despois de alguns poucos minutos com os frutos do mar na panela, está pronta a bricadeira!!!
Servir com pequenos pedacinhos de pão, em tijelas, cobertas de salsinhas frescas e azeite de oliva!!! Bom apetite!!!

Das águas do Rio Vermelho

6:55 PM  
Blogger Nuno Zeppo disse...

Querida Baronesa,

Vejo que as cozinhas de Vossa Senhoria são igualmente habilidosas no manejo dos tachos e dos temperos!...
E calculo que as suas Reais Adegas possam sustentar os bons hábitos vinícolas de quem por lá passa.
Estimo saber que podemos assim, através destes deliciosos pombos correios, partilhar os processos mágicos de transformação de simples víveres em iguarias dignas das nossas mesas mais banais e diárias.
Com todo o meu apreço,
Conde de Burriés de Cima

11:21 PM  
Blogger Viscondessa da Porcalhota disse...

Ah!! O phaseolu! Tanto que havia a dizer sobre nobilíssima leguminosa.. mas como o meu querido Conde e também meu meu estimadíssimo irmão sabe, a Viscondesa sofre de tal alergia que só de falar em phaseolu insuflo de metano! Gravíssimo, por sinal, esse circular de metano no ar, não só pelo cheiro que exala como também pelos estragos causados. O metano em excesso esburaqueia-nos o ozono todo em três tempos, que como bem sabe é também tempo de valsa! Mas como diz nosso mui nobre pai, se ninguém os compra, temos que os dar! E contra factos, não há argumentos!

Não sei como é por cima de sua cabeça aí no seu condado, mas aqui pela Porcalhota o céu anda muito esburacado. O gado vacum também não ajuda, ou não fosse ele o maior produtor de metano na área... e nem comem phaseolu, que aqui no reino isso já nem se planta, vem enlatado!

Agora os cientistas andam doidos, não sei se o nobilíssimo mano já ouviu dizer, mas parece que há metano em Marte. Dizem as más línguas que o metano tem vida curta, felizmente, porque o cheiro que exala esburaqueia não só o céu como a nossa pituitária, e diz também que é necessário que esteja sempre a ser produzido de forma a ser identificado. Assim os darlings cientistas pensam que o nobre gás é proveniente de vulcões, mas ainda não encontraram tal coisa activa no planeta vermelho, ou então vem de micróbios. Ora bem, isto leva-me a crer que ou os Marcianos andam a gozar connosco ou o gang do Micróbio se anda a bater com umas valentes feijoadas (phaseoluadas em latim)lá por Marte!

Deixe-me acrescentar que já ordenei que a criadagem começasse a tender a massa para fabricar o pastel com a receita do nobilíssimo mano!

E com esta me vou, que tenho muito buraco para coser neste reino!

Acenos da Varanda Central,
Viscondessa da Porcalhota (a mana)

5:02 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Regionalizando e catalogando os pratos!!!

Há mesmo muito sabor nas receitas brasileiras, iniciando-se pela mistura exótica entre a cultura lusitana, presente desde o descobrimento, e os costumes indígenas - os habitantes originais da "terra brasillis" - que também deu origem à culinária sertaneja. Essa cozinha, foi desenvolvida por caboclos descendentes de índios, tem menos requinte e mais substância, mais é de excelente qualidade. No entanto, os pratos são mais pesados e fortes. Enquanto isso, temos famosa cozinha baiana, elaborada por escravos, variada e mais sofisticada.
Outro elemento bastante comum aqui e empregado na alquimia dos tachos, é o milho. Com eles preparamos muitas receitas e dentre muitas, estão a canjica e o mugunzá. Há ainda uma infinidade de receitas de feijão, que é bom também, quando preparado com farinha de mandioca (e a produzida na ilha, é famosa pela qualidade brancura), e por fim, há o conhecidíssimo Rubacão Paraibano ou Baião de Dois, feito com arroz, feijão, carne e queijo de coalho. Alguém aí das terras geladas do norte, já ouviu falar de queijo de coalho??? E de manteiga de garrafa??? Ah!!! Isso certamente a nobreza elegantemente fina das terras geladas, não produzem... Um queijinho de coalho assado, acompanhado de uma caipinha de limão fresco, colhido no pé, faz dançar qualquer durango gelado!!! Os Nobres Senhores - Condes e Visconde - certamente iriam se regalar de tanto comer!!! Uma pena mesmo isso dos mapas estarem tão mal desenhados e nossos camelos sempre tão lerdos!!! Aqui temos usado as Lhamas e Alpacas, pois nos custam mais em conta do que as mulas e se alimentam de quase nada!!! Por outro lado, também empacam!!! Mais temos alguns acordos de gavetas com o pessoal que faz a vigilância e vistas grossas nas fronteiras e nos permitem a aquisição das bichinhas sem impostos e por poucas patacas de propina, vindas diretamente da cordilheira. E por falar em Alpacas e lhamas, voces aí na terra gelada, possuem belas associações desses animais, não??? Pois olhem só o que faz o progresso e a globalização!!! Andamos nós traficar animais e os mais poderosos, o fazem por satélite!!! Dizem que é bom, seguro e com custos bem menores!!!Então...


Segue a tempo do almoço, receita, a ser adaptada às terras e gosto da nobreza gelada!!!

Rubacão Paraibano ou Baião de Dois

Rubacão é um prato que dependendo da região ganha outros nomes como baião-de-dois e arribação, sendo que neste caso troca-se as carnes por aves de arribação secas. Temperos como cominho e pimenta-do-reino dão aquele gostinho especial ao prato que pode ser servido sozinho.

Ingredientes:
1 kg de feijão de corda ou mulatinho
250g de carne de charque
250g de carne de porco
250g de carne de sol
3 xícaras de arroz
manteiga de garrafa
queijo de manteiga
1 pedaço de toucinho
1 alho
1 tomate
1 pimentão
1 cebola
Cebolinha, cominho, pimenta-do-reino a gosto
Vinagre

Modo de Preparo:
Faça uma feijoada com os ingredientes acima, com exceção do arroz, manteiga de garrafa e queijo manteiga. Tempere-a com alho, cebola, cominho, pimenta-do-reino, cebolinha, tomate, pimentão, vinagre. Quando tudo estiver cozido, adicione o arroz lavado e escorrido, sempre mexendo para não pegar. Depois que o arroz estiver cozido, junte a manteiga de garrafa e o pedaço de queijo de manteiga. Mexa e sirva quente.

Bom Apetite!!!

Das águas do Rio Vermelho

10:43 AM  

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