Thursday, August 24, 2006

Não faltaremos à nossa palavra!...

Devido às dificuldades que se tem sentido, nestas nossas cozinhas, em manter a nossa honrada palavra e continuar a esclarecer vossas senhorias acerca das receitas destas paragens, decidimos assim transferir esta responsabilidade para outras paragens, e passaremos a partilhar estes festins nas Janelas da Alma, onde se fala de muito mais do que a simples culinária local!
Assim, esperamos vê-los por lá, que os tachos ainda não arrefeceram, nem tão depressa o farão!... Enquanto houver vida haverá de comer e de beber nestas freguesias!
Janelas da Alma
Abraços destas nossas cozinhas reais,

CBC

Monday, May 15, 2006

Arregaçem as mangas, que os tachos voltam ao lume!!!...

Isto tem andado escasso, por aqui!...
A razão é válida, e os resultados serão òbvios,
uma vez que os fogos frios das nossas cozinhas aqueçam de novo,
os fornos crepitem de brasas vivas,
e os potes saltem com o calor dos lumes!...
Preparem-se vossas senhorias,
que desta ausência prolongada
trazemos novas receitas
para vos apurar o apetite!...

Para já, para já,
aqui deixamos umas pequenas amostras do que virá em breve!...


Para começar, vamos contar-vos como se temperam as azeitonas no nosso Reino!...


Depois, vamos partilhar a nossa receita de Açorda de Alhos com Coentros e Camarões!...


Também vamos desvendar a simplicidade do Bacalhau à Lagareiro,


Do Misterioso Pudim, feito pelos nossos antepassados, vamos jogar um jogo, e ver quem é que acerta com os ingredientes, e depois com a receita!...Devo dizer que, apesar de ser uma receita simples, sempre que era oferecida, nunca foi feita com sucesso!...É que o verdadeiro segredo desta receita é que tem de ser vista a fazer!...


Depois da receita do Pudim Misterioso, os Crepes com Creme de Banana e Mango, servidos com Chantilly e Bagas de Arando e Canela, vai parecer a coisa mais fácil do mundo!...Esta receita pode ser servida como sobremesa ou como um pequeno-almoço real!...


E por fim, porque não podíamos deixar de cair em tradição, ou tentação, apresentaremos a Sericaia com Ameixas de Elvas!...



Até lá, afiem esses dentes, que já se ouve a lenha a crepitar nas cozinhas,
e os tachos não tardam a aquecer!

Abraços Nobres,

CBC

Thursday, March 09, 2006


Fritata Mista di Pesce

Bacalá Mantecato con Polenta


Ristorante Ponte al Megio


Moleche Fritti


Carpacio di Tonno

Eu sei que estão à espera de mais receitas!...

Afinal, isto é um livro de receitas, certo?...
A razão da demora é que nós andamos aqui a tentar uns petiscos novos na Cidade Flutuante, e assim que voltarmos ao nosso Reino, vamos pôr as nossas cozinhas num reboliço enorme, e as receitas vão sair bem e depressa, para Vossas Senhorias as poderem provar!...
Até lá, beijinhos no coração!
CBC

Wednesday, March 01, 2006

Miséria e Fome
Enquanto visitava o Blog de uma querida amiga - Lâmina d'água - deparei com uma foto, num dos seus tópicos, intitulado Aqui e Agora, que passo a reproduzir aqui, juntamente com um texto que redigi para o acompanhar.
Reconheço que, hoje em dia, com a quantidade de imagens que nos são impostas, a bem ou a mal, nos tornamos um pouco insensíveis a muitas delas. Mas esta não!...Esta reflecte a realidade da injustíça do mundo, onde até as crianças são vítimas de toda esta ganância desmedida, que nós vivemos e aceitamos, pelo silêncio.
Por isso, com a permissão da minha querida amiga, repito aqui a foto do seu blog, com o meu grito de dor e de revolta...


Eu sei que não o conheces,
Mas também é filho do Mundo
Onde tu e eu vivemos.
Também é filho de uma mãe,
E nem sabemos se ele a conhece
Ou se já a perdeu!…


Eu sei que não o conheces,
Mas quero que saibas
Que também vive
E não está sózinho!…
Há muitos mais como ele,
Que nem restos de comida têm!…


Eu sei que não o conheces,
Mas também é teu irmão.
Chora, sente, e podia sorrir,
Se tivesse razões para isso.
Agora, sente fome,
E vive com a morte ao seu lado,
Como uma vizinha insistente e perigosa.


Eu sei que não o conheces,
Mas pena não lhe serve de nada,
E o alheio também não!…
Por isso,
Se te encontrares com ele na rua,
Não lhe dês dinheiro,
Mas partilha o teu pão!…

Tuesday, February 28, 2006

A História do Café, contada por um antigo Sultão... (6ª e Última Parte )
(Estes artigos foram originalmente publicados numa coluna do jornal Semanário, em Toronto, Ontário, nas Terras Frias do Canadá, pelo Conde de Burriés de Cima, graças ao gracioso convite do Visconde de Montanelas)

A primeira fonte de recursos monetários de Timor-Leste é o café, e deve ser considerada uma das suas mais importantes indústrias. Os incidentes de Setembro de 1999, em Timor Leste, agora conhecido por Timor Loro Sae, não só marcaram uma nova era para esta nação como criaram, igualmente, um cenário diferente para a indústria do café. Este cenário, porém, é marcado por numerosas constrições que tornam difícil o desenvolvimento natural desta actividade.
A natureza da indústria do café em Timor Loro Sae é diferente de todas as outras no resto do mundo.
Em Timor, a produção de café não é realmente uma "actividade agrícola", mas é caracterizada, simplesmente, pela colheita do café. As pessoas envolvidas neste processo não cultivam ou plantam o café, e não se relaçionam com os princípios típicos da produção de café. Não podem ser chamados produtores de café, ou mesmo agricultores, porque o seu envolvimento com esta produção começa apenas e termina com a época da colheita. Para os meus amigos compreenderem melhor a razão porque é que estes trabalhadores não se tornaram agricultores de café, é necessário considerarmos a natureza dos acontecimentos envolvidos neste cenário da história do café em Timor.
A possessão de terras de cultivo tem sido um constante debate. Primeiro, os Portugueses estabeleceram-se em Timor e iniciaram o desenvolvimento da indústria. Depois, os Indonésios tomaram possessão dos campos de cultivo e o governo tornou-se uma entidade muito importante na sua regulação. Os anteriores agricultores Portugueses tornaram-se então guardiões dos campos de café, derivando a sua fonte de recursos monetários da colheita desse café. A declaração da independência de Timor Leste da Indonésia resultou numa estagnação total do país, neste sector da indústria do café. A furiosa violência desencadeada nessa altura, e a forçado abandono e refúgio do país, acrescentaram uma nova e complicada dimensão á questão do domínio de terras e direitos de propriedade.
Para as pessoas envolvidas na actividade do café, a sua única preocupação reside na possibilidade de poder fazer a colheita da produção. O cultivo da terra é um conceito não existente. As árvores de café que foram plantadas há 80 anos atrás, tornaram-se a abóbada primária da floresta onde uma segunda geração de árvores cresce á sua sombra, sendo esta germinação secundária denominada por "café".
A indústria do café não se desenvolveu muito porque não existe uma força para a desenvolver. Não houve um crescimento atribuído a um aumento de produção ou colheita, ou a novas plantações de café, ou mesmo uma melhoria nas práticas de plantação. A total produção de café, presentemente, comparada com as produções dos anos 50, foi significantemente reduzida de 600 para 100 quilos de drupas por héctare!
Timor Loro Sae tem de competir no mercado internacional. O sucesso da divulgação de Timor como uma fonte primária de café de origem está dependente de um investimento agressivo do sector privado e na organização estrutural da indústria. Os cafés de Timor têm um grande potencial, e existem características ùnicas que diferenciam, claramente, estes cafés de outros produzidos no resto do mundo.
A produção de café orgânico em Timor Leste é uma condição assegurada na indústria do café, por não haver outra forma de produção. Esta é uma condição ùnica que só raramente pode ser encontrada noutros países produtores de café. As culturas orgânicas são presentes devido á ausência de involvimento agrícola em qualquer das práticas culturais, típicas de uma verdadeira actividade agrícola de plantações de café. Porém, as baixas produções de café não têm a ver com as condições orgânicas, mas sim com a falta de administração agrícola.
Com uma administração adequada, no entanto, estas produções orgânicas podem ser bem sucedidas com a actividade do café, e produzir maiores colheitas com drupas de excelente qualidade.
As plantações de café do tipo Arábica, em Timor Leste, foram estabelecidas há 80 anos. Estas plantas foram literalmente abandonadas e, hoje, crescem selvagens. A falta de vigor destas plantas, associada com a idade, é evidente. Os topos das árvores cresceram ao ponto de tornar a colheita muito difícil, e por vezes mesmo impossível. As árvores de sombra cresceram demais e não deixam penetrar luz suficiente, o que reduz a fotossíntese das palntas, resultando numa drástica redução das colheitas.
Não existe produtores ou agricultores de café neste cenário. Apenas pessoas que colhem as drupas, sem conhecimento algum acerca da produção de café.
A colheita do café em Timor leste é um processo em que não existe, ou é aplicado qualquer treino ou matriz de qualidade. A maturação do café, por exemplo, é um termo que tem um significado diferente para cada um dos 44,633 indivíduos que participam na colheita do café!…
Drupas verdes são misturadas com drupas maduras: para estas pessoas, café é café. A colheita de drupas verdes diminuem a quantidade de café que estas pessoas podiam colher, uma vez que estas sementes ainda não completaram o seu crescimento fisiológico, apresentando menos volume e peso.
Também é típico observar a colheita de drupas maduras demais. Isto indica que a colheita não foi feita tão regularmente como deveria ter sido, talvez pela falta de existência de trabalhadores. Drupas secas que caem no chão, são igualmente apanhadas e misturadas com o resto.
A combinação destas pobres práticas de colheita reduzem potencialmente a qualidade deste café, excelente por natureza, de outra forma.
De forma a modificar esta situação, existem uma série de prioridades e regras a ser adoptadas, assim como o desenvolvimento de uma estrutura industrial.
O café tem de se tornar uma prioridade nacional. O papel do governo deverá ser de promoção, e não de regulação. O governo deverá criar um sistema de proteção para os produtores, de forma a minimizar os riscos envolvidos na produção de café. Estes riscos , incontroláveis, têm haver com o clima. Uma das formas do governo participar nessa promoção deverá ser a de criar instrumentos de treino e negociação, e ambientes propícios de investimento. Todo este processo é longo, e não existe tempo a perder. Se o governo de Timor Loro Sae não investir nestas iniciativas, sem demora, as consequências para a economia desta nação são fáceis de adivinhar!…
Quem diria que uma simples chávena de café tinha assim tanta determinação no futuro de uma nação!…Ora toma!…
A partir de agora, quando o amigo for beber um cafézinho, ou comprar o grão para o fazer em casa, não se esqueça da importância do seu cafézinho na estrutura económica e social global!…
Pronto, já está, descarreguei uma série de rúbricas acerca do café, e tenho a sensação de que só toquei ao de leve no assunto. O meu envolvimento, a nível profissional, nesta àrea, iniciou-se há cerca de 8 anos atrás, derivando de um interesse curioso em descobrir o que realmente se passava na indústria do café, da àrvore até á nossa chávena. Nesta situação, não foi a curiosidade que matou o gato, mas foi o gato que matou a curiosidade!
Pé ante pé, envolvi-me com a importação e torrefação de café, investiguei a situação, promovi sempre os conceitos de uma justiça económica e social, a nível global, estou actualmente muito envolvido com a Organização Internacional do Comércio Justo, ajudando a promover esses conceitos, e tenho participado em numerosas actividades de organização de cooperativas cafeteiras e na promoção de café orgânico, na zona do Pacífico, denominadamente na Papua Nova Guiné e em Timor. O comércio Justo, no Canadá e nos Estados Unidos, cresceu, uma vez mais, pela curiosidade desinteressada do que se passa na Europa. Este conceito foi estabelecido há mais de 20 anos em países Europeus desenvolvidos, tais como a Alemanha, a Holanda, logo seguidos da Bélgica (onde o próprio Parlamento consome apenas café derivado de cooperativas protegidas pelas leis do Comércio Justo!), a Suíça, a Finlândia e a Nóruegua.
Nos passados dois anos, iniciou-se uma frente de divulgação e promoção do Comércio Justo nos países da Europa do Sul, nomeadamente, a Itália, Espanha, e Portugal. A organização não-governamental de desenvolvimento, promotora desta iniciativa, em Portugal, foi a CIDAC, Centro de Investigação e Desenvolvimento Amílcar Cabral, e foi com eles que eu tive o prazer de trabalhar na promoção e desenvolvimento do projecto, conhecido pelo Projecto Pangea, que culminou com a visita do Veleiro Finlandês do Comércio Justo em Lisboa, o "Estelle". Durante a permanência deste veleiro em Lisboa, no Parque das Nações, a assiduidade pública não foi grande, mas fez algum barulho para plantar a semente em terras lusitanas. Neste momento, existe uma loja do Comércio Justo em Amarante, e fala-se de outras a abrir em Lisboa e no Porto!…Devagarinho, sem dúvida, mas que estamos a desenvolver, estamos!…
Neste momento, tenho o orgulho de poder lidar directamente com cooperativas democráticas de produção de café, protegidas pelos critérios internacionais do Comércio Justo, em cerca de 12 países, nomeadamente, o México, Guatemala, Colômbia, Nicarágua, Perú, Brazil, Bolívia, Costa Rica, Uganda, Papua Nova Guiné, Timor Loro Sae, e Etiópia.
E eu, que refilava a semana passada por causa do frio, eu, que passo o ano a viagar por terras de café, infelizmente pobres, mas sempre quentes!…
Vou parar aqui mesmo, que o sol bate na janela, aquece-me as costas, e é uma altura óptima para ir beber uma bica!…
Acabamos aqui a história do café, contada por um Sultão, que tão graciosamente visitou estas nossas reais cozinhas, e que deixou, como recordação, umas ricas receitas provenientes do Norte da Índia e do Paquistão, e que em breve deixaremos conhecer, depois das devidas provas feitas nas nossas mesas!...Antes disso, faremos ainda cumprir a promessa de partilhar algumas das nossas melhores receitas de café, e com café!...
Beijinhos e Abraços destas nossas cozinhas reais!
CBC

Monday, February 27, 2006

A História do Café, contada por um antigo Sultão... (5ª Parte de 6)
(Estes artigos foram originalmente publicados numa coluna do jornal Semanário, em Toronto, Ontário, nas Terras Frias do Canadá, pelo Conde de Burriés de Cima, graças ao gracioso convite do Visconde de Montanelas)
Hoje, não começei a escrever enquanto não acabei de saborear, até á última gota, uma chávena de café que, pela sua raridade e história, é digna de toda a atenção e respeito. Falo do café conhecido por "India Monsoon Malabar". A história deste café é fascinante, as quantidades são bastante limitadas, e só aparece nos nossos mercados de especialidade esporádicamente. Há mais de 150 anos que a Índia tem produzido e exportado cafés de excelente qualidade. A maior parte do café da Índia é produzido nas encostas das montanhas da região sul, em elevações entre 3,000 e 6,000 pés acima do nível do mar. As regiões mais importantes de produção são Karnataka (49%), Kerala (30%) e Tamil Nadu (13%).
Antes da construção e utilização da Barragem de Assuão, o café proveniente da Índia era transportado para a Europa pelas rotas das caravanas do café, atravessando a longa distância por terra, em camelos, primeiro, e mais tarde em transportes motorizados. A época da colheita do café, coincidía com o início da estação dos ventos, mais conhecidos pelos ventos Monsoon. O café, pouco protegido, era sujeito a estas duras condições climatéricas de ventos constantes e humidade. As rotas eram longas e demoradas, e o café era significantemente alterado por isso. No entanto, não existia outro ponto de referência em relação á qualidade deste café, e esta era consistente, dadas as condições de transporte, apresentando uma cor de amarelo-pálido, com uma percentagem de humidade muito reduzida devido aos fortes ventos de Monsoon que secavam rapidamente o grão de café, tornando-o igualmente muito leve. Quando a Barragem de Assuão começou a ser utilizada, e o transporte do café da Índia começou então a ser feito por barco, a entrega de café era muito mais rápida, uma vez que o tempo de transporte foi significantemente reduzido. Porém, apareceu um problema, o café não apresentava as mesmas qualidades anteriormente reconhecidas. Depois de várias tentativas para esclarecer os resultados, foi determinado que era a exposição deste café aos ventos de Monsoon que lhe atribuíam as qualidades tão apreciadas que este café apresentava! Uma vez que o transporte deste café, por barco, eleminava esse processo, e o transporte por caravana era demorado e dispendioso, havia de se arranjar uma outra solução para resolver o problema. Essa solução foi criada, tão simples como a história do famoso Ovo de Colombo!…Actualmente, depois de ser apanhado, seco e debulhado, este café é ensacado, e empilhado ao ar livre durante o periodo dos ventos de Monsoon sendo exposto ás condições climatéricas desta estação durante o mesmo periodo de tempo, que são 3 meses. Só depois deste periodo é que estes sacos de café são transportados por barco para os seus destinos. Deste modo, o café passa exactament pelo mesmo processo que o tornou tão apreciado e conhecido. Este dedicado método é utilizado apenas para uma quantidade reduzida de café, o que o tornou uma raridade e uma especialidade, muito apreciado e procurado pelos melhores românticos, apreciadores de um café tão exótico.
A Índia produz 230,000 toneladas de café por ano, sendo 45% do tipo Arábica e 55% do tipo Robusta. Existem 123,680 quintas de café, com um total de 387 milhões de árvores produtoras, exporta 70% da sua produção de café, e consome os restantes 30%. A Índia é o oitavo maior produtor de café do mundo, e em 1998, o Canadá importou, deste país, 3,78 toneladas de café.
O mercado de exportação de café da Índia é primeiramente dedicado para a Itália, Alemanha, Os Estados Unidos, Japão e países do Médio Oriente. A sua larga produção de café do tipo Robusta é utilizada na manufactura de café instantâneo e solúvel, sendo a Rússia o maior comprador deste tipo de café.
Depois desta fascinante história do café de Malabar, quem é que não quer, senão por mais do que simple curiosidade, provar este café?…


Vamos agora dar mais um passeio. Esta coisa de viajar de um lado para o outro torna-se um hábito difícil de controlar!…Desta vez, vamos até ás terras quentes do Quénia, um dos últimos paraísos naturais da fauna Africana.
Apesar do turismo ser uma importante fonte económica do Quénia, a agricultura do café e do chá são duas economias vitais para as receitas de exportação deste país, contribuíndo assim o café para cerca de 30% das exportações deste país. O Quénia é respeitado pela sua excelente qualidade de café. Ao contrário de qualquer outro mercado de café no mundo, o comércio do café no Quénia é totalmente controlado pelo governo, e o café é vendido em leilão, todas as semanas, pela Comissão Nacional de Café do Quénia, em Nairobi, a capital deste país. O café é vendido pelo preço mais elevado de oferta, e as amostras destes lotes são enviadas apenas a exportadores autorizados, 10 dias antes do leilão. A competição para os cafés de melhor qualidade contribuem significantemente para o preço mais elevado de compra destes cafés, em relação a qualquer outro café regular.
Este país produz cerca de 200 milhões de libras de café por ano, provenientes de 203 milhões de árvores de café distribuidas por 573,426 plantações, e é o 18º maior produtor de café do mundo. O café, no Quénia, cresce a altitudes que variam entre os 1500 e os 2100 metros acíma do nível do mar. Para a próxima, como prometido é devido, terminarei esta crónica acerca do café com um artigo detalhado acerca da verdadeira e problemática situação do comércio do café em Timor, e os passos que estão a ser tomados para resolver esse grave problema. Até lá, vou pensar na forma como irei expôr o problema, e aproveito para beber mais uns cafézinhos. Espero que os meus amigos façam o mesmo!…
(continua)

Saturday, February 25, 2006

A História do Café, contada por um antigo Sultão... (4ª Parte de 6)
(Estes artigos foram originalmente publicados numa coluna do jornal Semanário, em Toronto, Ontário, nas Terras Frias do Canadá, pelo Conde de Burriés de Cima, graças ao gracioso convite do Visconde de Montanelas)

Quentinho está o café que eu estou agora a beber, que lá fora está mais frio que o meu congelador! Porque é que nunca ninguém menciona o clima desta Terra Frias nos panfletos de emigração?… Claro, o país das oportunidades, vasto e cheio de descobertas, as Cataratas do Níagara, a Políçia Montada,… e o clima?…Irra!…Eu, que sou conhecido no meu círculo de amigos pela minha falta de paciência para com o clima desta terra, quando me perguntam porque é que eu vim para aqui, geralmente respondo que foi por causa do "Red Rose Tea", por ser vendidos em pacotes grandes e baratos!…
É sempre difícil encontrar o princípio da meada destas crónicas, e depois, é igualmente difícil parar. Eu espero sinceramente que os meus dedicados leitores tenham tanto prazer a ler estas minhas divagações como eu tenho prazer em escrevê-las!
Mas voltemos ao meu cafézinho quente, e que me está a saber muito bem. Hoje, escolhi fazer uma chávena de café da Sumatra, oriúndo do Arquipélago da Indonésia, que contém um total de 13, 577 ilhas!. Este arquipélago produz alguns dos melhores cafés do mundo. O café é o segundo recurso agricultural mais importante da Indonésia, tendo cerca de 1,100,000 árvores produtoras de café. A Indonésia é o segundo maior produtor de café do tipo Robusta (90%), no mundo, e o 3º maior produtor de café do tipo Arábica (10%). Em 1998, entre Janeiro e Junho, o Canadá importou cerca de 1,908,500 kilos de café da Indonésia! A produção de café da Indonésia está sub-dividida por orígens. A ilha de Sumatra produz cerca de 65% do café da Indonésia, Java produz 17%, Sulawesi produz cerca de 7%, e Bali produz apenas 4%. Todos estes cafés provenientes destas diferentes ilhas são de uma qualidade excepcional. De uma forma geral, apenas casas de especialidade, em particular micro-torrefações, têm estes cafés disponíveis. Os melhores cafés são conhecidos pelos nomes das zonas de produção mais respeitadas, tais como Mandheling, Lintong e Aceh. Estes são os cafés, sem dúvida, mais procurados pelas suas qualidades e pelo seu inconfundível sabor.
Graças á pressão que foi exercida na Indonésia para a sua adesão e suporte ao Comércio Justo, depois da adesão de alguns produtores da Papua Nova-Guiné, e do início das conversações com Timor, a Indonésia cedeu finalmente, e, correntemente, existem já algumas cooperativas de produtores a venderem o seu café sob a proteção dos contratos internacionais do Comércio Justo. Esta é, correntemente, a melhor forma de proteger os produtores e garantir um preço justo para as cooperativas organizadas, assim como garante igualmente uma melhoria na qualidade de vida destes trabalhadores.
E já bebemos mais uma chávena de café com bom sabor a justiça social!…
Vamos agora dar um pulo até á Etiópia, que, como já sabemos, é o país responsável pela disseminação desta planta mágica. O café, na Etiópia, ainda é plantado e tratado por métodos tradicionais, envolvendo um enorme número de pessoas e uma grande força laboral. O café é o primeiro recurso monetário para cerca de 1/4 da população da Etiópia, o que equivale a cerca de 12 milhões de pessoas! Existem cerca de 331,130 quintas de agricultores independentes, 19,000 quintas estatais, e numerosos aglomerados familiares. A Etiópia exporta cerca de 1.4 milhões de sacos de café por ano, e consome 1.2 milhões de sacos, o equivalente a 1.5 quilos de café por pessoa.
As regiões de produção mais importantes são as províncias de Sidamo (Limu e Yrgacheffe), Wollega, Illubabor, Harrar, Kaffa e Gambela. A Etiópia é sétimo maior produtor de café do mundo, e em 1998 exportou cerca de 1,393,000 quilos de café para o Canadá. O café é responsável por muito mais do que 50% dos ganhos anuais dos valores da exportação deste país.
Mais um golo de café, e toca a dar mais um salto até á Guatemala, uma terra de vulcões, com muitos deles ainda activos, lembrando constantemente os seus vizinhos acerca do seu poder creatívo e destrutívo. Estes vulcões criam uma terra de plantio excelente, rica em minerais, e a maior parte das mais elevadas encostas das montanhas são cobertas de fabulosas e verdejantes plantações de café. Os jesuítas introduziram as árvores de café na Guatemala durante 1750, e as plantações de café foram estabelecidas como a maior colheita de exportação entre 1860 e 1920.
As quintas de café (fincas, em espanhol), são geralmente geridas por uma família de agricultores. Em alguns casos, as quintas maiores são o meio de subsistênçia de várias famílias. Uma quinta de 400 a 600 acres requer, típicamente, cerca de 100 a 200 trabalhadores especializados, e pode necessitar de mais 450 trabalhadores temporários para ajudar na colheita e no processamento do café, durante a época alta, que dura entre 4 a 6 meses, entre Setembro e Abril.
A Guatemala, o sexto maior produtor de café mundial, tem cerca de 33,000 quintas de café, com um total de 775 milhões de árvores produtoras, empregando um total de cerca de 25 % da população do país. Este país produz cerca de 3,812,000 sacos de 60 quilos de café por ano. As melhores zonas de produção de café, deste maravilhoso e colorido país, são Antigua, Atitlan, San Marcos e Huehuetenango. Tal como na Colombia, existe uma agência reguladora da produção e venda de café, conhecida por A.N.A.C.A.F.E., Associacion Nacional del Café.
Graças á Organização Internacional do Comércio Justo, existe um grande número de quintas já organizadas em cooperativas e a venderem o seu café sob a proteção dos preços de mercado justo.
Para a próxima, continuaremos a explorar mais alguns locais interessantes da produção de café, e, num futuro pouco distante, falaremos da questão e dos problemas de Timor em relação ao café e à sua produção. Até lá, continuaremos a beber os nossos cafézinhos, que sempre aquecem o coração e o espírito!…(continua)