Tuesday, January 24, 2006


Cartas Recebidas...

Se bem que estas situações não sejam de modo nenhum normais, nem acontecem com frequência, nós decidimos fazer uma excepção á regra, e publicar um desenho que nos foi enviado por um menino, que se esqueceu de assinar o nome, mas disse que tinha 8 anos de idade, com o seguinte texto:
'Este senhor é o meu vizinho do lado. O meu pai diz que ele é muito importante e que ganhou as eleições no Canadá mas que eu não tenho que ter medo porque ele só ganhou com uma minoria de 35% e o outro partido ainda tem 30% e ainda há outro partido que tem 17% e eles não gostam nada uns dos outros e por isso não vão ser amigos e por isso a gente não vai ter nada a acontecer até haver eleições outra vez porque assim o meu vizinho já não vai poder fazer muitas maldades porque os outros senhores não vão deixar porque eles têm de concordar todos uns com os outros e o meu pai diz que isso é impossível e por isso eu não tenho que me esconder na cave se ele vier cá a casa. O meu pai também disse que este senhor é muito amigo do Senhor Bush que também é assim muito mau e também come criancinhas ao almoço como o meu vizinho mas a gente teu um cão e ele protege a gente e assim nós não temos medo e podemos dormir bem. A minha mãe disse que o meu vizinho faz parte de um grupo secreto muito mau que costumava queimar pessoas em fornos muito grandes e também queimavam as pessoas que não tinham os olhos azuis e os cabelos louros, e também queimavam as mulheres e cortavam-lhes o cabelo primeiro e depois davam-lhes um duche e o duche tinha veneno e elas morriam e o meu vizinho é muito amigo deste grupo e também gostava de fazer isso a toda a gente que não é daqui do Canadá e como ninguém é daqui só os ìndios e esses estão todos doentes e o meu vizinho também quer queimar os doentes e por isso a minha mãe diz que não ía sobrar ninguém aqui e o meu pai concorda mas o vizinho não pode fazer isso agora porque só ganhou um bocadinho porque se tivesse ganhado muito era diferente e ele ìa fazer fornos muito grandes e eu não sabia que as pessoas que fazem política podem construir fornos mas o meu pai disse-me que o vizinho os mandava mas era fazer e depois antes de queimar toda a gente queimava primeiro os que ele mandou fazer os fornos só para não lhes pagar e eu acho que isso não é bom e por isso quando eu for crescido e se o meu vizinho nunca ganhar até eu ser grande senão ele queima-me mas é eu nunca vou votar nele senão ele vai só fazer mal ás pessoas e eu não quero que ele faça mal á minha mãe nem ao meu pai nem ao meu cão nem aos meus tios que me dão prendas no Natal nem á minha avó que faz filhoses e outros doces que eu gosto muito e nem aos meus amigos da escola e nem á minha professora por isso eu nunca vou votar nele.'

5 Comments:

Anonymous Anonymous disse...

Entre o céu e a terra


Acho que meu reino está longe demais para poder avaliar corretamente, tal situação...
No entanto, há aqui em terras quentes, lugares onde o medo já não dá lugar às brincadeiras infantis e a muito, já não se canta cantigas de roda, brincadeiras de esconde esconde ou de pega ladrão. Essas são coisas sérias demais para serem ditas e podem acordar o temível Caveirão.
Tal qual aí, temos situações que geram sentimentos de insegurança, mas bem mais reais do que o descrito pela criança das distantes terras geladas do norte. São sentimentos fortes , que contados por crianças e embora com uma outra leitura, também revelam o medo do poder, do famoso vizinho e senhor, que vive ao lado... Revelam o pavor gerado pelos que já cresceram .
Na verdade, aqui o vizinho não mora bem ao lado, mais administra o perigo quieto, silêncioso, velado... Desses que chegam na calada da noite a roubar o sono dos que depois de um longo dia, buscam a escuridão para descansar. O menino daqui, se indagado, não tem medo do vizinho ao lado e nem de bicho papão. Disso eles até se riem e não dão importância não. Os meninos daqui, tem medo mesmo é da polícia, traficantes e do famoso Caveirão...


Caveirão é um veículo blindado, utilizado pela polícia militar carioca, com muita semelhança a um tanque de guerra, montado a partir de um carro forte, com buracos onde são apontados os canos dos fuzis. O Caveirão visa propiciar maior segurança para os policiais militares que entram nas favelas e acabam por espalha terror na população, pois do lado de dentro do veículo, não é possível identificar quem é quem ou quem é do bem e quem não é...
Por necessitarem viver ali, passam a ser punidos, como se fossem responsáveis por atos ou acontecimentos, que na grande maioria das vezes, desconhecem. Parece que, por serem apenas pobres, são todos bandidos e é esse o entendimento da grande maioria das pessoas, policiais ou não.

Certas são as palavras do Professor Souza e Silva, da Universidade Federal Fluminense:
“São vítimas, passivas e essencialmente infelizes, de uma estrutura social injusta. O que se admite como real, com base nessa representação, é que há uma guerra com a “periferia”, como se essas comunidades estivessem fora da cidade e fossem nada mais que uma ameaça a ela”


Como se pode ver, aqui, vizinhos do tipo desses que assusta o menino da casa ao lado, é saído de conto de fadas e as crianças fazem até chacota deles, quando esses ganham as eleições. Basta ver o nosso aqui... Esse é tão malhado pelas crianças, quanto Judas nas festas da ressurreição!!! Medo mesmo, os meninos só possuem, do temido Caveirão!!!

Cordiais Saudações!!!

Das águas do Rio Vermelho

7:52 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Em tempo Caríssimos e Nobres Condes

Não pretendia de modo algum, falar mal de minhas lindas terras quentes. Apenas usei nossas crianças e seus medos, para exemplificar que esses, são iguais em qualquer lugar. Afinal, como diria o Tom e o Chico, em a Violeira:

Ver Ipanema
Foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar...

E o problema, está longe de ser o Rio!!! O problema está no vizinho que vive ao lado, sentado calmo e calado, a ver o Rio se acabar!!!

Minhas Cordiais Saudações Nobres Condes de Burriés

Das águas do Rio Vermelho

9:03 AM  
Blogger Nuno Zeppo disse...

Estimada Baronesa,

A história que me conta Vossa Senhoria, acerca do Caveirão, dessas terras onde o Sol queima e abrasa, não parecem estar muito longe das experiências da Mafalda, essa personagem infantil tão precoce, criada por Quino, e que explicava ao irmão mais novo, enquanto passavam por um polícia, que o cacetete era 'o pauzinho de amolgar ideologias', e ainda, quando via o Caveirão passar a grande velocidade em direcção a alguma demonstração social, dizia para o amigo, o Manelinho, 'Este país está mesmo doente, lá estão eles a mandar mais um pacote de aspirinas para ajudar a resolver o problema...'.
Penso que o Caveirão se está a tornar o símbolo internacional dos governos extremistas para suprimimir a problemática social das culturas mais oprimidas. Isto está a começar a deixar de ser hábito e a tornar-se obcessão!...
Cumprimentos e Vénias a Vossa Senhoria,
CBC

10:31 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Afinal, acabam por ser estes senhores políticos que mandam o Caveirão fazer a descontaminação social, ou será compressão social?...

10:42 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Eu tenho estado a acompanhar este vosso blog, e voces nao deixam escapar uma, porra!!!

10:43 AM  

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