Thursday, January 26, 2006


Não lhes dê Cavaco, dê-lhes antes Cavacas das Caldas!...

Pronto, agora que já provocámos o desconforto necessário para que a memória voltásse um pouco à massa cinzenta dos nossos compatriotas, vamos retomar o rumo original deste Blog, que consiste em navegar por estas imensidões de receitas, que, no fim, acabam por nos encher o papo, que é isso que nós queremos. Por isso, vamos lá encher a barriga de comida, e o resto é conversa, e histórias!...
Esta eu aqui indeciso, da forma como íria virar a proa a esta nossa nobre barca, quando me veio à ideia a receita das Cavacas. Quem é que não conhece, nunca provou, ou não se lembra desses famosos pacotes, cheios de uns doces secos, arredondados, cobertos com uma rija calda de açucar?...Cavacas ou Cavaquinhas, dependendo do tamanho, tão típicas da região das Caldas da Rainha, se bem que se encontrem igualmente noutras regiões, mas neste caso, cada macaquinho no seu galho, e por isso, aqui vamos falar das Cavacas das Caldas. Ainda estive aqui, vai não vai, para falar de outro produto típico das Caldas, que é o original artesanato de barro, tão rico em tamanhos e variações, mas sempre fiel à temática. Talvez noutra altura se fale aqui dos Embrulhos das Caldas, ou talvez o façamos antes na secção do Arroz Doce, que sempre é mais dedicada a esses temas...
Agora que já passámos todos pelo choque das eleições (e ele a dar-lhe!...), e que também já estamos suficientemente distanciados da fartura de doces que nos trouxe o Natal, decidi retomar posse da colher de pau que temos nas nossas reais cozinhas, e começar outra vez a dar uso a estes ovos todos, que as galinhas não param de os pôr, e nós já não aguentamos nem mais uma omoleta, nem ovos mexidos com chouriço, irra!..., que outra coisa não se tem comido nesta casa!
E eu não tenho nada contra o uso dessas ricas charcutarias, mescladas com os deliciosos ovos das nossas galinhas, sim!...porque estes ovos têm umas gemas que é de se lhes tirar o chapéu, de um laranja saudável, nada dessas gemas todas pálidas e anémicas que por aí se vendem, que isso já nem são ovos, são abortos de galinhas, ou ovos-proveta, quais transcendencias genéticas que são feitas em laboratório!...qualquer dia, pelo caminho que isto leva, ainda se compram ovos já com sabor a mortandela e mostarda, ou mesmo a pescada cozida com grelos!...Ai, as minhas queridas galinhas, se elas soubessem o que faz por aí com os ovos...Ao menos estas não comem porcarias... esgravatam no chão em busca de minhocas menos precavidas, e lá levam, de quando em vez, uma mão cheia de milho ou arroz, e uns restos de vegetais de sobra das cozinhas, para variar a dieta. Aqui não há cá desses disparates de galinhas constipadas, com gripes e pneumonias, nem contágios suspeitos, porque ninguém se deita com elas!...Neste nosso quintalinho, as galinhas são saudáveis e ovos são uma delícia. E nesta nota, porque enquanto se conversa aqui, as galinhas continuam a pôr ovos ali, vamos mas é à receita das Cavacas, e dar conta de alguns destes ovos senão temos ovos mexidos outra vez para o jantar!...
Das viagens que se fazem, por terras vizinhas e anexas, podem-se encontrar várias receitas das Cavacas, espalhadas por diversos receituários conventuais, como o do Convento de Santa Clara de Vila do Conde, e da Guarda, e também no Convento de Santa Catarina de Sena de Évora. Porém, a receita que aqui partilhamos, é reclamada pelo Condado das Caldas da Rainha, e é assim que, com todo o nosso respeito a passamos a divulgar:
Comecem por pôr 500 gramas de farinha num recipiente, e juntam 12 gemas de ovos, préviamente separadas das claras, que guardam à parte para serem batidas em castelo, mais tarde, e fazerem um rico Mólótofe! Depois de obterem uma massa homogénea e consistente, juntem 60 gramas de manteiga derretida, e batam bem até a massa estar bem ligada. Tendem, então a massa, em bocadinhos de forma redonda, com cerca de 5 centimetros de diâmetro, e levem a forno médio, a cozer, num tabuleiro untado, ou coberto com papel de pasteleiro. Depois de cozidas e frias, preparam a calda do açucar, levando ao lume 500 gramas de açucar e 2 decilitros de água, deixando ferver até atingir o ponto de espadana. Retiram o tacho do lume, e mexem bem, com uma espátula de varas. Mergulham rapidamente as cavacas, retirando-as imediatamente e deixando-as secar ao ar. São uma delícia, e tanto os diabetes como o dentista vão gostar imenso de vós!...Bom Apetite!
Abraços desta Nobre Cozinha que vos serve,
CBC

21 Comments:

Anonymous Anonymous disse...

Cozinhando receitas culturais!!!

Meu Caríssimo e Nobre Conde de Burriés de Cima

Como é de seu conhecimento, temos idiomas bastante distintos e por saber que muitos brasileiros andam a vasculhar seus requintados livros de receitas e sugestões culinárias, tomei a liberdade de colocar entre parênteses, algumas palavras que fogem de nosso uso normal e as traduzi (o que me foi possível fazer!!!) para a nossa língua brasileira, que difere bastante do português de Portugal. Então temos:

Comecem por pôr 500 gramas de farinha num recipiente, e juntam 12 gemas de ovos, préviamente separadas das claras, que guardam à parte para serem batidas em castelo (CLARAS EM NEVE), mais tarde, e fazerem um rico Mólótofe! Depois de obterem uma massa homogênea e consistente, juntem 60 gramas de manteiga derretida, e batam bem até a massa estar bem ligada. Tendem (COLOQUEM), então a massa, em bocadinhos de forma redonda, com cerca de 5 centimetros de diâmetro, e levem a forno médio, a cozer (COZINHAR, pois cozer aqui, é o mesmo que costurar!!!), num tabuleiro untado, ou coberto com papel de pasteleiro (PAPEL MANTEIGA e pasteleiro aqui, é o homem que faz pastéis e esses, são muito diferentes dos de portugal. Pastel aqui é outra coisa. Outra receita!!!). Depois de cozidas e frias, preparam a calda do açucar, levando ao lume (FOGO) 500 gramas de açucar e 2 decilitros (aqui não usamos decilitros nas receitas!!!) de água, deixando ferver até atingir o ponto de espadana (PONTO DE FIO, pois Espadana aqui é elemento de arquitetura colonial e pouco usado na arquitetura dessa época, no Brasil). Retiram o tacho (PANELA) do lume (FOGO), e mexem bem, com uma espátula de varas (???DESCONHEÇO!!! Imaginei uma espécie de garfo... Será isso???). Mergulham rapidamente as cavacas, retirando-as imediatamente e deixando-as secar ao ar. São uma delícia, e tanto os diabetes como o dentista vão gostar imenso de vós!...Bom Apetite!

E o apetite certamente é igual para os dois países!!!
Obrigada pelas deliciosas receitas!!!

Cordiais Saudações
Das águas do Rio Vermelho

7:23 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Nobres Senhores Condes de Burriés-de-cima e de-baixo

Peço a permissão de Vossas Senhorias, para lhes apresentar a Duquesa de Alecrim, responsável pela realização dos comes e bebes dos grandes saraus literários realizados em nossos castelos. Trata-se de uma pessoa de elevado conhecimentos dos tachos, panelas, especiarias, alhos e outros tantos bugalhos, que muito usamos para enfeitar e dar mais gosto aos nossos momentos de laser. Tenho certeza absoluta que a Nobre Duquesa, poderá contribuir em muito, às misturas das receitas diplomáticas entre as distantes terras geladas do norte e as abrasadoras terras do sul.

Cordiais Reverências
Das águas do Rio Vermelho

8:29 AM  
Blogger Nuno Zeppo disse...

Estimada Baronesa,
A construção desta nova ponte idiomática entre estes nossos reinos tão geograficamente distante, mas tão perto dos nossos corações, vai decerto criar debates interessantes, a nível de morfologia e estrutura linguística, assim como vai decerto dar iníçio a um processo de pesquiza à forma como as línguas evoluíram, e dívergiram nos seus conceitos!

No nosso mundo da Pastelaria, porém, existe uma diferença importante entre as claras batidas em castelo e em ponto de neve!!!
As claras batidas em neve, apresentam-se mais densas, menos leves, não tendo assim uma percentagem muito elevada de ar na mistura. Geralmente, obtem-se as claras em neve se estas forem batidas com uma batedeira eléctrica, a alta velocidade. Para algumas receitas, esta variação não apresenta grande diferença, no entanto, quando lidamos com pastelaria mais fina e delicada, a diferença é muito importante!
As claras em castelo conseguem-se pelo batimento mais lento, geralmente com um batedor de mão, causando assim um resultado final de claras batidas com a aparênçia de picos de nuvens, menos densas que as de neve, mas mais consistentes e rijas.
Na nossa língua lusa, também cosemos meias e camisas, mas neste caso, o verbo utilizado é COSER. Quando nos referimos à cozinha, nesse caso, o verbo utilizado é COZER, e então fazemos o arroz e o feijão cozido, e em relação ao forno, podemos ASSAR e COZER no forno. A Lígua brasileira terá omitido esta variação verbal?... Por vezes, as línguas originais permitem-se a manter um certo número de pequenas variações verbais que, noutros lugares para onde a língua é transportada, sofre algumas alterações de simplificação, que de certo modo faz sentido, sendo esse processo muito comúm, por exemplo na língua inglesa, falada e escrita na Inglaterra, no Canadá, e na América! Outro exemplo mais perto de nós, culturalmente falando, é a integração da língua portuguesa em Angola, Guiné, Moçambique, Cabo-Verde, e todas as outras regiões onde se adoptou o português como língua oficial, mas que houve uma integração linguística com as línguas e dialectos aí pré-existentes, tal como o criôlo, e o mindelo, alterando assim a língua para uma forma bastante afastada da sua criação original.
Estou deveras satisfeito com a preciosa ajuda de Vossa Senhoria nesta forma de facilitar um acesso mais simples a estas nossas receitas nobres, por parte desses nossos irmãos dos reinos quentes!
Também me deixou curioso com o conceito de PASTEL!...diga-me, diga-me!...
Em termos de utensílios de cozinha, usamos aqui TACHOS e PANELAS, ao gosto de cada um, se bem que a variação seja atribuída ao formato, tamanho, e ao modo como as pegas são desenhadas!...Quem é que disse que isto ía ser uma tarefa fácil?!...
Quanto ao FOGO e ao LUME, geralmente para nós, FOGO tem tendência a ser incontrolado, quando, por exemplo, há um incêndio, e a floresta arde, ou ardeu a casa, ou ainda quando se faz uma fogueira, que apesar de ser controlável, continua a ser um fogo bravo. LUME, para nós, é um conceito de fogo domesticado, tal como o lume do fogão a gás. Sem dúvida interessante, as diferenças!...
Agora quanto à espátula de varas, e que tal chamar-lhe antes Wire Whisks, em inglês, ou mesmo, um batedor de ovos, longo?...

Por favor, continue a entreter-nos com os seus mui relevantes e interessantíssimos comentários, que provocam este tipo de diálogo tão maravilhoso e didáctico!
E esperamos ansiosamente pelo aparecimento da Duquesa de Alecrim!!!
Em breve teremos aqui um círculo real suficientemente vasto para justificar uma celebração com Banquete e Baile de Máscaras!
Atenciosamente,
CBC

11:14 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Trocando letras!!!

Meu Caríssimo e Nobre Senhor Conde de Burriés de Cima...

O Senhor não pode nem mesmo avaliar o que são nossos bailes de máscaras e a fantasia!!!

Muitas e muitas festas dessas, já aconteceram em nossos castelos, situado na praia do Moçambique!!! Festas e banquetes dignos de grandes comentários por todo o território de nossa ilha das remotas terras do sul.
Contamos um dia - e não muito distante - reunir nossas nobres cortes para bons momentos de diversão e comidinhas, nessa nossa querida terras brasis!!!

Pois então saiba meu Nobre Senhor, que por cá, nessas terras quentes, muitas coisas mudaram, desde a debandada geral de nossos colonizadores. Por sermos reconhecidamente um povo fadado a mudanças e modernismos, acabamos por acomodar as nossas letras, mais ou menos aos sons que pronunciamos. Fomos assim, transformando nosso idioma e de modo a deixá-lo mais confortável e adequado ao momento e praticidade de uso.
Da mesma forma, também não colocamos muitas diferenças nas palavras e coisas, muito embora elas existam e sob maneira, mais estão nas entrelinhas e na sensibilidasde particular de cada um que as manuseia e emprega. Entre uma reforma ortográfica e outra; entre a criação e emprego de novas palavras, vamos abrasileirando muitas das que nos chegam de fora e de fato, o que antes era assim, muitas vezes passa a ser servido ASSADO e por aí vai!!!
Portanto, levar uma panela ao fogo, para nós significa simplesmente que algum alimento ou ingrediente, será cozido para o preparo de uma receita. Tal receita, já nos dá o volume do fogo a ser utilizado e isso, aprendemos com os nossos sentidos aguçados e porque não dizer que em muitas vezes, aprendemos errando.
No entanto, preciso reconhecer aqui, que minhas qualidades de Baronesa prendada, limitam-se a outras artes. Embora eu seja mesmo criativa na cozinha e saiba muito bem inventar e improvisar novos pratos e receitas para os nosos saraus e grandes banquetes, sou também um tanto quanto anárquica e muito raramente sigo as ordens e leis impostas a muitas das requintadas receitas. De fato não sou uma especialista didática, com o uso das panelas e tampouco sei lidar com as nomenclaturas oficiais dos faqueiros... Por essa mesma razão, é que fiz questão de apresentar para Vossa Excelência, a talentosíssima Duquesa de Alecrim - formada em grande estilo nas melhores escolas da corte - e será ela a lhe fornecer a receita dos deliciosos e até simplórios pastéis à moda brasileira.

Uma vez mais, Cordiais Saudações Nobre e também estimado Senhor!!!
Das águas do Rio Vermelho

12:14 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Em tem Nobre Conde de Burriés...

Quando me referi a palavra COZER, o fiz lembrando apenas que tal palavra - no sentido atribuído à articulação sonora - aqui em terras brasis, possui apenas o sentido de costura e não de cozimento seja lá do que for. Aqui, se dissermos que vamos levar um pão ao forno para cozer, é o mesmo que dizer que vamos costurar (coser) um pão no forno e isso não possui o menor sentido para nós. Temos alimentos COZIDOS, mais não COZEMOS nossos alimentos. Sendo assim, não me referi a estrutura gramatical da palavra e sim ao sentido que damos a ela ao empragá-la. Fui mesmo um tanto atrapalhada e pouco clara em minha colocação. Peço desculpas Nobre Senhor!!!

Cordiais Saudações de nossas terras distantes do sul

Das águas do Rio Vermelho

1:20 PM  
Blogger Nuno Zeppo disse...

Caríssima Baronesa, uma vez mais nos sentimos lisonjeados pelos seus muito esperados comentários.
Confirmou assim, a beleza da evolução linguística e ortográfica de uma língua, de terra para terra, e nós achamos esse processo magnífico!...
Entre as cozinhas de Sua Senhoria, e estas nossas, haverá decerto uma constante e duradoura, espero, relacção e troca de petiscos e iguarías dignas de serem reproduzidas e apreciadas durante verdadeiros festins que serão re-lembrados por muito tempo!!!
Ouvi rumores que o Senhor meu Irmão, Conde de Burriés-de-Baixo, terminou a construção de uma caravela, onde irá iniciar, em breve, a longa travessia de Terras Lusas até a este meu Reino das Terras Geladas, e trará, decerto, algumas receitas novas que se irão pôr à prova nestas cozinhas!...
Aguardamos, também com ansiedade, notícias da Nobre Duqueza de Alecrim!...
Continuemos, pois, a partilhar estas nossas histórias, receitas, e ideias, deste modo tão interessante, e que sempre dá uma possibilidade aos nossos pombos correios de descansarem um pouco.
Esperamos poder, num futuro próximo, arranjar forma de nos encontrar-mos todos num dos nossos Palácios, Castelos, ou Quintas de Veraneio, e partilhar de festins e comezainas, como manda a boa tradição!...
Cumprimentos calorosos,
CBC

1:22 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Nobre Senhor Conde de Burriés de Cima

Me alegra saber da chegada do Nobre Conde de Burriés de Baixo e acompanhado de novas receitas. Por aqui, minha fiel e queridíssima amiga, Nobre Duquesa de Alecrim, já está a postos em seu laboratório industrial - é assim que costumo chamar sua eficientíssima cozinha - a testar as deliciosas receitas de pastéis e muito em breve, nosso fiel mensageiro vip lhes entregará tais iguarias.
Aguarde Nobre Senhor Conde, que logo aí chegarão!!!

Reverências para sua tarde!!!
das águas do Rio Vermelho

1:43 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Que prazer receber na nossa Corte a Duquesa do Alecrim! O título sugeriu-nos de imediato a famosa sátira teatral que é a "Guerra do Alecrim e da Manjerona". Mas aqui, se houver guerra, será entre os dialéticos, do como se fala no Brasil e em Portugal, mas com todo o respeito porque um facto não é um fato. Aqui para nós factos são provas e fatos são aquela indumentária dos pobrinhos imitando os ricos (defeito genético dos pés-descalços que para parecerem ricos até são capazes de roubar aos pobres para dar aos ditos), o paletó de "ver a deus" que ao domingo se leva à santa missinha, excepto nós, que não temos divindade que não seja a nossa consciência enegrecida.
Mas quando houver julgamento público no pátio do nosso castelo, para homenagear o Brasil, vou exigir que me prestem paletós que justifiquem o assassínio do alfaiate que se recusava a fazer factos.
Dito isto, permita-me a Senhora Duquesa do Alecrim que lhe adoce a entrada nestas lidas e artes de bem fala, melhor comer e melhor ainda beber, com a minha sobremesa favorita, a que os gauleses chamam de créme brulée mas que no meu Condado vai pelo nome de Leite Créme:
Por cada dose (4 pessoas)
4 gemas de ovos (as claras podem ser utilizadas para fazer o magnífico Molotoff do Conde de Burriés de Cima - ou é o de Baixo?);
5 colheres de sopa de açúcar, bem cheias;
1 colher de sopa de farinha Maizena (fécula de milho)*
Meio-litro de leite gordo, ou meio-gordo (não ceder à tentação de utilizar leite desnatado. Não só é um insulto ao produto da vaquinha como ainda copula o resultado final...);
1 pau de canela
1 casca de limão
Várias gotas de baunilha líquida ou em vagem, se a encontrarem no mercado.
Processo:
Batem-se as gemas dos ovos com o açúcar, usando uma colher de madeira, até ficar tudo liquefeito;
junta-se o leite e dissolve-se tudo muito bem;
Junta-se o leite onde, previamente se dissolveu completamente a fécula de milho;
Vai tudo ao lume a lume ou fogo brando (depende se é fogão portuga ou brasuca), mexendo continuamente com as varas de arame, para evitar que se pegue ao fundo do tacho.
a meio da cozedura, deita-se dentro do tacho a casca de limão, o pau de canela e baunilha sólida ou líquida.
Quando se começam a formar bolhinhas de ar, a indicar fervura, quer isso dizer que se está a 1 minuto do termo da cozedura. 60 segundos depois, medidos numa ampulheta fiável, retira-se do lume/fogo e retiram-se o pau de canela e a casca de limão que a cozinheira deve chupar antes de deitar fora para o lixo. Se a baunilha em vagem for utilizada, chupa-se a dita tal como o limão e o pau de canela. Se for líquida, é melhor não fazer nada porque a recuperação da mesma seria um pesadelo laboratorial...
Verta o leite-creme, enquanto quente e muito liquefeito para o prato ou travessa onde o vai servir na mesa e guarde no frigorífico para criar um pouco de consistência.
Pouco antes de servir, aqueça directamente no fogo/lume uma espátula metálica chata. Enquanto ela não fica em brasa, polvilhe de açúcar a superfície do creme e vá queimando o dito com a espátula, transformando-o instantâneamente numa placa de caramelo. Repita esta operação, a pouco e pouco: espátula no fogo, açúcar em cima do creme, espátula em brasa em cima do açúcar, ad infinitum...
Antes de queimar o açúcar, verifique se a porta da cozinha para a sala onde se encontram os seus convivas está bem fechada, pois o fumo que sai daquela operação é capaz de inflamar as membranas delicadas das pessoas.
Coloque a travessa na mesa e "É um fartar, vilanagem!"

* As féculas de milho, consoante o fabricante, podem mudar a consistência do creme. Experimente, tendo em mente que a mesma marca, oriunda de países diferentes, pode alterar a cremosidade da sobremesa. Nós, no nosso Condado Canadensis de Montanelas, utilizamos a Dureya feita em Portugal que a Dureya feita aqui não é tão fina. Compramo-la no mercado dos marranos, do lado de fora da barbacã do castelo.

Nota final: Também pode usar a colher de pau para lamber os resíduos acumulados no fundo do tacho. Ou dar a lamber ao Senhor Duque, seu Esposo...

2:11 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Encontro de Mozart com o Samba

Caríssimo e Nobre Conde de Burriés

Eis aqui uma singela mostra de nossos talentosos percursionistas e músicos eruditos de terras brasis em nossas costumeiras adaptações e transgressões culturais!!!

Atente o Nobre Senhor para os instrumentos de percussão, pois o Senhor poderá reconhecer claramente os diferentes sons que lhe são tão familiares, como os de fundos de tachos, frigideiras, tilintar de colher e garfo, associados aos estridentes barulhinhos das nossas muitas tampinhas de cervejas, bebidas durante o ano todo e armazenadas ao longo dos meses, com a finalidade de criar novos instrumentos, para as delícias do nosso tão esperado e grande sarau anual, que agora se aproxima. Esses nobres e duríssimos ensaios culturais que vos mostro aqui, mistura a riqueza de rítmos, instrumentos e sons e como não poderia deixar de ser, faz até Mozart acabar em Samba!!! Literalmente!!!

Um lindo final de semana com nobres saudações!!!

Das águas do Rio Vermelho
e do Jornal Nacional


http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,3586,00.html

Vá até Ouça aqui o encontro de Mozart com o samba

Clique na palavra Aqui, para ouvir e gravar!!!

6:14 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Mensagem da Duquesa do Alecrim

Bom Dia Nobres Condes dos Burriés e Nobre Senhor Visconde de Montanelas

Minha cara amiga, a Nobre Senhora, Duquesa do Alecrim, pede que eu vos avise que no momento ela encontra-se às voltas com a saúde debilitada de um de seus fiés escudeiros - o temível Ozzi - que ingeriu uma planta venenosa, rara, que ela e o Duque, insistiam em cultivar no jardim interno de um dos labirintos da mansão que eles possuem, em terras de Caldas da Imperatriz. Tão logo quanto possível, ela virá para cumprimentá-los e fornecer-lhes a tal receita dos nossos pastéis.

Saudações Nobres Senhores!!!
Das águas do Rio Vermelho

8:27 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Como diria o nosso distante mas sempre presente dramaturgo máximo da língua portuguesa, o grande Gil Vicente, o pobre do Ozzi "foi atacado de merda cagueira" ao ingerir a tal plantinha venenosa...
Pobre bichinho-escudeiro, já não lhe bastava ser pequenito para poder Monta(r)nelas!

2:03 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Nobres Senhores

É com profunda reverência e satisfação que venho participar deste encontro tão agradável, e porque não dizer, apetitoso.
Busquei encontrar em meus alfarrábios receitas de pastéis.
O pastel nada mais é do que uma massa feita de farinha, ovos e algum tipo de gordura, como manteiga ou azeite de oliva, sempre extra virgem, é claro.
Pode-se cortar de vários formatos, o mais comum, no entanto, é o formato redondo, que ao ser recheado e fechado acaba por ficar como uma meia lua.
Geralmente é frito, mas também temos receitas de pastéis de forno, assim como as salteñas uruguaias e as empanadas argentinas.
Busquei uma receita que leva em sua composição a famosa cachaça brasileira, para dar um perfume especial à massa; que também pode ser aromatizada com noz moscada, pimenta branca e alguma outra especiaria que se tenha vontade.
Nesta receita fala-se em banha, gordura, mas pouco a utilizo em minha cozinha, prefiro manteiga ou azeite de oliva, fica aqui a sugestão e o desejo de que consigam apreciar um delicioso pastel, que serve como refeição ou petisco. Pode ser salgado ou doce, basta usar a criatividade. Aqui encontra-se muito pastéis recheados com banana e cobertos, depois de fritos, com açúcar e canela.

MASSA DO PASTEL:

- 1kg de farinha de trigo
- 75g de banha
- 2 ovos
- 2 colheres (sopa) de pinga
- 300ml de água
- 2 colheres (sopa) de sal

Numa tigela coloque a farinha, a banha e o sal. Misture com as mãos até virar uma farofa. Em outra vasilha, junte o ovo, a pinga e a água. Mexa bem e coloque esse líquido na farinha. Amasse até ficar bem ligada e soltar das mãos. Abra como o rolo de macarrão ou cilindro, numa espessura fina. Coloque numa assadeira polvilhada com farinha de trigo e cubra com papel filme. Leve à geladeira por 2 horas. Depois, corte e recheie a gosto, fritando em óleo bem quente.

Obs: Essa massa não pode ser congelada e, por ser fresca, não dura mais de 24 horas.

RENDIMENTO: 35 médios ou 50 pequenos.


Agradeço o convite da Baronesa do Rio Vermelho e a boa acolhida por parte dos demais membros desta corte.

Atenciosamente
Duquesa de Alecrim.

6:39 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Senhores Condes de Burriés e Visconde de Montanelas...

Enfim, está feita a apresentação oficial da queridíssima Nobre Senhora Duquesa de Alecrim, a essa corte das terras geladas do norte. Percebo ainda um certo acanhamento por parte da Duquesa, ou até quem sabe, um cansaço pelo longo trajeto percorrido. Sem falar no acidente com seu fiel escudeiro, o pequeno Ozzi.
Trata-se de uma expert no assuntos da boa mesa, senhores e não estranhem se em curto prazo, a formalidade der lugar a uma irreverência e simpatia, sem par!!!
Trata-se da melhor gargalhada e sorriso de nossa corte!!!
Espero que os senhores aproveitem bem o talento da Nobre Duquesa e suas preciosas receitas!!!

Bom apetite a toda a corte das terras geladas do norte!!!

Reverências!!!
Das águas do Rio Vermelho

7:14 PM  
Blogger Nuno Zeppo disse...

Alvíssaras...Estimada, e há muito aguardada, Duqueza de Alecrim, alvíssaras!...Toquem os cornetins e façam-se sentir os tambores por esse Reino fora, que esta Vossa Senhoria é hóspede de grande honra, e a ela devemos toda a nossa atenção, pois irá trazer até ás nossas nobres cozinhas as mais delicadas iguarias de que já se ouviu falar, vindas dos Reinos do Sul!...Preparem bem esses tachos e fogões, e mantenham esses fornos com lenha quente, que os pastéis vão saltar em breve, e o festim não vai ter fim!...Colham essas azeitonas, e pressem bem o seu suco, que daí virá o virgem óleo fazer luzir as nossas cozinhas, e ajudar a empurrar os pastéis pelo goto abaixo!...Mandem-se vir muitas gentes, por essas terras do Reino, a dar mãos nestas cozinhas, que agora é que isto vai começar a aqueçer!...Vinde, Barões e Baronesas, Duques e Duquezas, Condes, Viscondes e Viscondesas, que o Baile vai começar, e o festim não vai acabar!...
Alvíssaras, senhores, alvíssaras!...

7:42 PM  
Anonymous Anonymous disse...

Pubique-se e faça-se saber!
Oié! Oié! Oié!
(Rufo de tambores e toques de corneta)
A Nobre Senhora do Alecrim é a partir desta data de Vinte e Nove do mês de Janeiro do Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Dois Mil e Seis, aceite nas cortes dos Condados dos Burriés, Porcalhota e Montanelas.
Que lhe sejam tornadas extensivas todas as honrarias pertencentes à sua Nobre linhagem.
Mais se ajunta que a Senhora Dona Ana passa a prestar serviço como Conselheira de Comedorias para os Senhores de Burriés e Montanelas já que de cachaçarias se encarrega D. Cristina do Rio Vemelho.
Asinnado, Selado e Lacrado pelo
Senhor de Montanelas Kéumkonsolo.

7:48 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Um ligeiro reparo ao azeite virgem mencionado pela Senhora do Alecrim: No nosso reino deixou de haver azeite virgem. As azeitonas perderam a virgindade há muito. Isso acontece logo que ao serem varejadas assentam o caroço no chão...

7:51 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Opsss...Opsss...Opsss...

Terei eu escutado errado???
Alguém levantou meu santo nominho em vão???

Ah!!! Enfim!!! Não foi sem razão!!!

Falou-se da cachaça, esse nobríssimo líquido azulado, muito usado em nossas caipinhas, que alegram nossas festas de almoço nos jardins dos nossos palácios de verão, inverno e toda e qualquer estação!!!
Vale aqui então, um breve relato sobre esse nobre líquido volátil, como segue:

A cachaça é um subproduto da cana-de-açúcar, elemento básico para a obtenção, através da fermentação, de vários tipos de álcool, entre eles o etílico. É uma planta pertencente à família das gramíneas (Saccharum officinarum) originária da Ásia, onde teve registrado seu cultivo desde os tempos mais remotos da História.
Os primeiros relatos sobre a fermentação vem dos egípcios antigos. Curam várias moléstias, inalando vapor de líquidos aromatizados e fermentados, absorvido diretamente do bico de uma chaleira, num ambiente fechado.
Os gregos registram o processo de obtenção da ácqua ardens. A Água que pega fogo - água ardente (Al Kuhu). A aguardente então vai para da Europa para o Oriente Médio, pela força da expansão do Império Romano. São os árabes que descobrem os equipamentos para a destilação, semelhantes aos que conhecemos hoje.Eles não usam a palavra Al kuhu e sim Al raga, originando o nome da mais popular aguardente da Península Sul da Ásia: Arak.
A partir daí, muitos outros países do mundo, passam a produzir bebidas semelhantes e com seus nomes distintos. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como Grappa. Em terras Germânicas, se destila a partir da cereja, o kirsch. Na Escócia fica popular o Whisky, destilado da cevada sacarificada.
No extremo Oriente, a aguardente serve para esquentar o frio das populações que não fabricam o Vinho de Uva. Na Rússia a Vodka, de centeio. Na China e Japão, o Sakê, de arroz.
Portugal também absorve a tecnologia dos árabes e destila a partir do bagaço de uva, a Bagaceira.
Os portugueses, motivados pelas conquistas espanholas no Novo Mundo, lançam-se ao mar. Na vontade da exploração e na tentativa de tomar posse das terras descobertas no lado oeste do Tratado de Tordesilhas, Portugal traz ao Brasil a Cana de Açúcar, vindas do sul da Ásia. Assim surgem na nova colônia portuguesa, os primeiros núcleos de povoamento e agricultura.
Com o passar dos tempos melhoram-se as técnicas de produção. A Cachaça é apreciada por todos. É consumida em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas - o famoso Quentão, uma bebida deliciosa e própria para ser bebida no inverno.Em 1922, a Semana da Arte Moderna, vem resgatar a brasilidade. No decorrer do nosso século, o samba é resgatado. Vira o carnaval. Nestas últimas décadas a feijoada é valorizada como comida brasileira especial e a Cachaça ainda tenta desfazer preconceitos e continuar no caminho da apuração de sua qualidade.

Hoje, várias marcas de alta qualidade figuram no comércio nacional e internacional, incluíndo-se marcas produzidas aqui em nossa ilha, como a Cachaça Vieira e Cachaça da Bruxa e hoje muitas dessas cachaças, estão presentes nos melhores restaurantes e adegas residenciais pelo Brasil e pelo mundo.

Então, diante desse relato sobre o famoso líquido precioso, brindaremos daqui de nossas terras nobres do sul, com uma deliciosa caipinha gelada, em comemoração ao aceite e congratulações das duas nobres cortes: as das terras geladas do norte, com as das terras quentes do sul!!!

Reverências
Das águas do Rio Vermelho

8:52 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Em Tempo:

Entendam Nobres Senhores que, ao ouvir o nome de minha conselheira de bebidarias - Senhora Cristina do Rio Vermelho - eu mesma resolvi responder em seu nome e por saber que a própria encontra-se nesse exato momento, servido lindo copos de caipinha preparados para os aperitivos de nosso churrasco de domingo à beira da piscina.

Segue então um receita de quentão, sem muita didática, é claro, pois sou do tipo que vai para a cozinha e inventa. Desse modo nunca uma receita é igual a outra, mais por outro lado, estimulo a criatividade e poder de experiência em meus seguidores.

Quentão da Quinta

3 litros de vinho tinto seco
3 xícaras de cachaça
1 xícara de licor Contreau
3/4 xícara de açúcar
2 colheres (sopa) de mel
1 e 1/2 xícaras de água
rodelas de duas laranjas
rodelas de um limão
50 g de gengibre
cravos-da-índia
pau de canela

Coloque o açúcar em uma panela e leve ao fogo juntamente com o licor Cointreau. Assim que o açúcar estiver totalmente dissolvido, acrescente o gengibre cortado em fatias e o mel. Ferva por 4 minutos e acrescente a água.
Bata uma gemada de duas gemas, com açúcar e canela em pó e acrescente ao final desse tempo de cozimento.

Durante esse processo, aqueça separadamente em uma panela grande, o vinho tinto, com as as rodelas de laranja com cravos da índia espetados, as rodelas do limão e pau de canela. Depois de entrar em fervura, despeje a mistura de todos os ingredientes feito na outra panela, para dentro do caldeirão do vinho tinto, usando uma colher de pau para misturar bem e para apurar o aroma e sabor. Ferva por mais 5 minutos e acrescente a aguardente. Flambe.
Sirva quente e se esbalde de tanto beber!!! É divino e aquece as festas das noites frias do inverno do sul de terras brasis!!!

Reverências
das águas do Rio Vermelho

9:21 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Nobres Senhores

A manguaça faz coisa e acho que depois de aparetivar algumas doses, não consegui escrever corretamente nem uma única vez a palavrinha abençoada pelos deuses do império do fogo:

CAIPIRINHA

Pronto!!!

Reverências
Das águas do Rio Vermelho

9:34 AM  
Anonymous Anonymous disse...

Nobres Senhores

Acaba de chegar um mensageiro vip, trazendo um recado da Nobre Senhora Duquesa do Alecrim e que transcrevo aqui na íntegra:


Cara Baronesa do Rio Vermelho

Venho por meio deste, informar-lhe do profundo agrado por me teres incluído entre os membros da corte dos Condes de Burriés.
Sinto-me muitíssimo prestigiada pela lembrança.

Cordiais Saudações
Duquesa de Alecrim

Feito isto, agradeço
Reverências

Das águas do Rio Vermelho

2:11 PM  
Anonymous Anonymous disse...

bom comeco

5:24 PM  

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