Monday, February 27, 2006

A História do Café, contada por um antigo Sultão... (5ª Parte de 6)
(Estes artigos foram originalmente publicados numa coluna do jornal Semanário, em Toronto, Ontário, nas Terras Frias do Canadá, pelo Conde de Burriés de Cima, graças ao gracioso convite do Visconde de Montanelas)
Hoje, não começei a escrever enquanto não acabei de saborear, até á última gota, uma chávena de café que, pela sua raridade e história, é digna de toda a atenção e respeito. Falo do café conhecido por "India Monsoon Malabar". A história deste café é fascinante, as quantidades são bastante limitadas, e só aparece nos nossos mercados de especialidade esporádicamente. Há mais de 150 anos que a Índia tem produzido e exportado cafés de excelente qualidade. A maior parte do café da Índia é produzido nas encostas das montanhas da região sul, em elevações entre 3,000 e 6,000 pés acima do nível do mar. As regiões mais importantes de produção são Karnataka (49%), Kerala (30%) e Tamil Nadu (13%).
Antes da construção e utilização da Barragem de Assuão, o café proveniente da Índia era transportado para a Europa pelas rotas das caravanas do café, atravessando a longa distância por terra, em camelos, primeiro, e mais tarde em transportes motorizados. A época da colheita do café, coincidía com o início da estação dos ventos, mais conhecidos pelos ventos Monsoon. O café, pouco protegido, era sujeito a estas duras condições climatéricas de ventos constantes e humidade. As rotas eram longas e demoradas, e o café era significantemente alterado por isso. No entanto, não existia outro ponto de referência em relação á qualidade deste café, e esta era consistente, dadas as condições de transporte, apresentando uma cor de amarelo-pálido, com uma percentagem de humidade muito reduzida devido aos fortes ventos de Monsoon que secavam rapidamente o grão de café, tornando-o igualmente muito leve. Quando a Barragem de Assuão começou a ser utilizada, e o transporte do café da Índia começou então a ser feito por barco, a entrega de café era muito mais rápida, uma vez que o tempo de transporte foi significantemente reduzido. Porém, apareceu um problema, o café não apresentava as mesmas qualidades anteriormente reconhecidas. Depois de várias tentativas para esclarecer os resultados, foi determinado que era a exposição deste café aos ventos de Monsoon que lhe atribuíam as qualidades tão apreciadas que este café apresentava! Uma vez que o transporte deste café, por barco, eleminava esse processo, e o transporte por caravana era demorado e dispendioso, havia de se arranjar uma outra solução para resolver o problema. Essa solução foi criada, tão simples como a história do famoso Ovo de Colombo!…Actualmente, depois de ser apanhado, seco e debulhado, este café é ensacado, e empilhado ao ar livre durante o periodo dos ventos de Monsoon sendo exposto ás condições climatéricas desta estação durante o mesmo periodo de tempo, que são 3 meses. Só depois deste periodo é que estes sacos de café são transportados por barco para os seus destinos. Deste modo, o café passa exactament pelo mesmo processo que o tornou tão apreciado e conhecido. Este dedicado método é utilizado apenas para uma quantidade reduzida de café, o que o tornou uma raridade e uma especialidade, muito apreciado e procurado pelos melhores românticos, apreciadores de um café tão exótico.
A Índia produz 230,000 toneladas de café por ano, sendo 45% do tipo Arábica e 55% do tipo Robusta. Existem 123,680 quintas de café, com um total de 387 milhões de árvores produtoras, exporta 70% da sua produção de café, e consome os restantes 30%. A Índia é o oitavo maior produtor de café do mundo, e em 1998, o Canadá importou, deste país, 3,78 toneladas de café.
O mercado de exportação de café da Índia é primeiramente dedicado para a Itália, Alemanha, Os Estados Unidos, Japão e países do Médio Oriente. A sua larga produção de café do tipo Robusta é utilizada na manufactura de café instantâneo e solúvel, sendo a Rússia o maior comprador deste tipo de café.
Depois desta fascinante história do café de Malabar, quem é que não quer, senão por mais do que simple curiosidade, provar este café?…


Vamos agora dar mais um passeio. Esta coisa de viajar de um lado para o outro torna-se um hábito difícil de controlar!…Desta vez, vamos até ás terras quentes do Quénia, um dos últimos paraísos naturais da fauna Africana.
Apesar do turismo ser uma importante fonte económica do Quénia, a agricultura do café e do chá são duas economias vitais para as receitas de exportação deste país, contribuíndo assim o café para cerca de 30% das exportações deste país. O Quénia é respeitado pela sua excelente qualidade de café. Ao contrário de qualquer outro mercado de café no mundo, o comércio do café no Quénia é totalmente controlado pelo governo, e o café é vendido em leilão, todas as semanas, pela Comissão Nacional de Café do Quénia, em Nairobi, a capital deste país. O café é vendido pelo preço mais elevado de oferta, e as amostras destes lotes são enviadas apenas a exportadores autorizados, 10 dias antes do leilão. A competição para os cafés de melhor qualidade contribuem significantemente para o preço mais elevado de compra destes cafés, em relação a qualquer outro café regular.
Este país produz cerca de 200 milhões de libras de café por ano, provenientes de 203 milhões de árvores de café distribuidas por 573,426 plantações, e é o 18º maior produtor de café do mundo. O café, no Quénia, cresce a altitudes que variam entre os 1500 e os 2100 metros acíma do nível do mar. Para a próxima, como prometido é devido, terminarei esta crónica acerca do café com um artigo detalhado acerca da verdadeira e problemática situação do comércio do café em Timor, e os passos que estão a ser tomados para resolver esse grave problema. Até lá, vou pensar na forma como irei expôr o problema, e aproveito para beber mais uns cafézinhos. Espero que os meus amigos façam o mesmo!…
(continua)

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