Saturday, February 25, 2006

A História do Café, contada por um antigo Sultão... (4ª Parte de 6)
(Estes artigos foram originalmente publicados numa coluna do jornal Semanário, em Toronto, Ontário, nas Terras Frias do Canadá, pelo Conde de Burriés de Cima, graças ao gracioso convite do Visconde de Montanelas)

Quentinho está o café que eu estou agora a beber, que lá fora está mais frio que o meu congelador! Porque é que nunca ninguém menciona o clima desta Terra Frias nos panfletos de emigração?… Claro, o país das oportunidades, vasto e cheio de descobertas, as Cataratas do Níagara, a Políçia Montada,… e o clima?…Irra!…Eu, que sou conhecido no meu círculo de amigos pela minha falta de paciência para com o clima desta terra, quando me perguntam porque é que eu vim para aqui, geralmente respondo que foi por causa do "Red Rose Tea", por ser vendidos em pacotes grandes e baratos!…
É sempre difícil encontrar o princípio da meada destas crónicas, e depois, é igualmente difícil parar. Eu espero sinceramente que os meus dedicados leitores tenham tanto prazer a ler estas minhas divagações como eu tenho prazer em escrevê-las!
Mas voltemos ao meu cafézinho quente, e que me está a saber muito bem. Hoje, escolhi fazer uma chávena de café da Sumatra, oriúndo do Arquipélago da Indonésia, que contém um total de 13, 577 ilhas!. Este arquipélago produz alguns dos melhores cafés do mundo. O café é o segundo recurso agricultural mais importante da Indonésia, tendo cerca de 1,100,000 árvores produtoras de café. A Indonésia é o segundo maior produtor de café do tipo Robusta (90%), no mundo, e o 3º maior produtor de café do tipo Arábica (10%). Em 1998, entre Janeiro e Junho, o Canadá importou cerca de 1,908,500 kilos de café da Indonésia! A produção de café da Indonésia está sub-dividida por orígens. A ilha de Sumatra produz cerca de 65% do café da Indonésia, Java produz 17%, Sulawesi produz cerca de 7%, e Bali produz apenas 4%. Todos estes cafés provenientes destas diferentes ilhas são de uma qualidade excepcional. De uma forma geral, apenas casas de especialidade, em particular micro-torrefações, têm estes cafés disponíveis. Os melhores cafés são conhecidos pelos nomes das zonas de produção mais respeitadas, tais como Mandheling, Lintong e Aceh. Estes são os cafés, sem dúvida, mais procurados pelas suas qualidades e pelo seu inconfundível sabor.
Graças á pressão que foi exercida na Indonésia para a sua adesão e suporte ao Comércio Justo, depois da adesão de alguns produtores da Papua Nova-Guiné, e do início das conversações com Timor, a Indonésia cedeu finalmente, e, correntemente, existem já algumas cooperativas de produtores a venderem o seu café sob a proteção dos contratos internacionais do Comércio Justo. Esta é, correntemente, a melhor forma de proteger os produtores e garantir um preço justo para as cooperativas organizadas, assim como garante igualmente uma melhoria na qualidade de vida destes trabalhadores.
E já bebemos mais uma chávena de café com bom sabor a justiça social!…
Vamos agora dar um pulo até á Etiópia, que, como já sabemos, é o país responsável pela disseminação desta planta mágica. O café, na Etiópia, ainda é plantado e tratado por métodos tradicionais, envolvendo um enorme número de pessoas e uma grande força laboral. O café é o primeiro recurso monetário para cerca de 1/4 da população da Etiópia, o que equivale a cerca de 12 milhões de pessoas! Existem cerca de 331,130 quintas de agricultores independentes, 19,000 quintas estatais, e numerosos aglomerados familiares. A Etiópia exporta cerca de 1.4 milhões de sacos de café por ano, e consome 1.2 milhões de sacos, o equivalente a 1.5 quilos de café por pessoa.
As regiões de produção mais importantes são as províncias de Sidamo (Limu e Yrgacheffe), Wollega, Illubabor, Harrar, Kaffa e Gambela. A Etiópia é sétimo maior produtor de café do mundo, e em 1998 exportou cerca de 1,393,000 quilos de café para o Canadá. O café é responsável por muito mais do que 50% dos ganhos anuais dos valores da exportação deste país.
Mais um golo de café, e toca a dar mais um salto até á Guatemala, uma terra de vulcões, com muitos deles ainda activos, lembrando constantemente os seus vizinhos acerca do seu poder creatívo e destrutívo. Estes vulcões criam uma terra de plantio excelente, rica em minerais, e a maior parte das mais elevadas encostas das montanhas são cobertas de fabulosas e verdejantes plantações de café. Os jesuítas introduziram as árvores de café na Guatemala durante 1750, e as plantações de café foram estabelecidas como a maior colheita de exportação entre 1860 e 1920.
As quintas de café (fincas, em espanhol), são geralmente geridas por uma família de agricultores. Em alguns casos, as quintas maiores são o meio de subsistênçia de várias famílias. Uma quinta de 400 a 600 acres requer, típicamente, cerca de 100 a 200 trabalhadores especializados, e pode necessitar de mais 450 trabalhadores temporários para ajudar na colheita e no processamento do café, durante a época alta, que dura entre 4 a 6 meses, entre Setembro e Abril.
A Guatemala, o sexto maior produtor de café mundial, tem cerca de 33,000 quintas de café, com um total de 775 milhões de árvores produtoras, empregando um total de cerca de 25 % da população do país. Este país produz cerca de 3,812,000 sacos de 60 quilos de café por ano. As melhores zonas de produção de café, deste maravilhoso e colorido país, são Antigua, Atitlan, San Marcos e Huehuetenango. Tal como na Colombia, existe uma agência reguladora da produção e venda de café, conhecida por A.N.A.C.A.F.E., Associacion Nacional del Café.
Graças á Organização Internacional do Comércio Justo, existe um grande número de quintas já organizadas em cooperativas e a venderem o seu café sob a proteção dos preços de mercado justo.
Para a próxima, continuaremos a explorar mais alguns locais interessantes da produção de café, e, num futuro pouco distante, falaremos da questão e dos problemas de Timor em relação ao café e à sua produção. Até lá, continuaremos a beber os nossos cafézinhos, que sempre aquecem o coração e o espírito!…(continua)

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