Sunday, January 29, 2006


A história das palavras terminadas em -ão e -ãos, -ães, e -ões...


Tinha passado eu de visita por Terras da Porcalhota, em altura das festividades dos nossos Santos Populares, onde não faltou nem a pinga nem a sardinha assada, e o cheiro dos manjericos quase não se distinguiam por entre o denso fumo dos chouriços assados, quando me deparei com a D. Marta, Viscondessa da Reboleira (ou será da Rebaldaria?...De momento falha-me a memória, mas porei tal questão a limpo, e em breve!...).
Como dizia eu, entre sardinhas a escorregarem do pão de trigo, apetitoso, e os dedos engordurados a segurarem os cálices de tinto vinho, decidiu a D. Marta, senhora digna e fiél à sua Corte, e òptima companheira de serões ìntimos, apertar os cordõezinhos do seu espartilho, que por razões desconhecidas descaía atrevidamente, refiro-me ao espartilho, claro!
Foi então neste teor, e no meio de tal festejo, que a questão se pôs...Serão cordõezinhos ou cordãozinhos?...'Agora é que vão ser elas!...', pensei eu para com os meus botões, que naquela altura bem podiam ser botãos!... Eu estava mortinho por ver umas destas acontecer!... Serão cordãozinhos ou cordõezinhos?...
Ora, se temos um botão, um balão, um corrimão, um feijão, um garrafão, um pão e um capitão, então será que o plural de botão é botãos?...ou será botães?...sim, porque também se diz capitães, e não capitões, mas depois também temos a questão dos balães, ou serão balãos?...Ás tantas é balões, o que pode dizer que afinal os botães sejam botões, e os pães sejam pões, a não ser que sejam pãos!...Com esta confusão toda já estou tonto, e o melhor é agarrar-me aos corrimão...não, espera, acho que é mais do que um (ai o vinho!…), e então são corrimães!...mas se os botões não são botãos, então talvez os corrimãos sejam corrimões, e com isto pássa-se o tempo e vem o S. João, que há só um, valha-nos ao menos isso, e por isso não temos cá Joães nem Joões, se houvesse mais seriam Joãos, mas não há, graças a deus!...E então é assim que o João nos trás um balão, ou dois balães, quero dizer, dois balões!...Espera lá, então se é balões e pões, desculpem, quiz dizer pães, ou será mesmo pãos?...Ai que confusão, ou confusãos, que isto agora está a ficar muito mais complicado do que eu pensava, e eu que detesto confusões!...
Recapitulemos, então, que eu assim vou abotoar os meus botões, o balão leva o S. João, para o juntar aos outros balões, e eu, com a brincadeira, seguro-me ao corrimão, que já não sei se é só um, ou se é a minha vista que me engana e me faz ver dois corrimões!...Ainda dou um trambolhão, ou uns trambolhões, dependendo do vinho que já bebi nesta noite de S. João, que não sei se bebemos de garrafa ou de garrafão, mas dizem as más línguas que já bebemos demais e que foram dois garrafões, e era tinto carrascão!...
Depois do vinho e dos trambolhões, o melhor é parar nesta tasca e comer um prato de sopa de feijão, que em tascas como essa não se serve camarão, nem sopa de camarães (que, ás tantas são camarões, não querem lá ver?!), ou uma pratada de feijões com arroz, para ensopar o tintól...
E depois, o melhor é sair de mansinho, do meio desta confusão, ou serão confusões?...Não venha ainda aí a Real Guarda do Reino, com os seus capitães, que não são decerto rufiões com quem se meta gente séria, e ála daqui para a Padaria, que a esta hora já o cheirinho sai dos fornos quentes, e podemos nós curar a ressaca com um pão quente, um mesmo uma meia arroba de pães, para ensopar mais a vinhaça que se bebeu nas últimas horas!...E cuidado para não caírem!Abotõem esses atacadores, ou cordõezinhos dos espartilhos, e arredem daqui para fora, que já amanhece, e são quase horas de comer outra vez!...
A sardinha assada nada tem a saber, a não ser que deve ser adquirida fresca e riginha, ou tesa, como dizem nas minhas cozinhas, de olho vivo e sem estar amachucada, nem muito mexida. A sardinha não se estripa nem se escama, salpica-se com sal grosso, de mar, e vai à grelha quente, que se encontra em cima de um bom braseiro de carvão. Não demora muito a assar, na grelha, mas há que ter atenção ao fogo que saltará sem dúvida, devido à gordura da sardinha. Nada que uma simples malga de água, bem à mão, para salpicar a labareda, não possa controlar!... Quem não souber assar umas sardinhas na brasa, simplesmente temperadas de sal, não é de digno de pertencer a esta nossa Lusa Terra, desculpem!...Quanto ao chouriço, que geralmente é de carne, e ás vezes também de vinho, se bem que se possa fazer o mesmo com a Morcela, apenas necessitam, estes ricos enchidos, uns cortes laterais, não muito profundos, e são simplesmente postos na brasa, mas não onde está a sardinha, porque esta, atrevida como é, fará o chouriço saber ao mesmo que ela!
Assado o chouriço e a morcela, é então cortado aos pedaços e servido no pão, com uma malga de vinho, assim como a sardinha.
Quanto ao pão, o Saloio seria o favorito, e o preferido, servido em fatias grossas, para o dito poder recolher o saboroso suco da sardinha. No entanto, à falta do Saloio de Mafra, pode-se optar pelo de centeio, trigo, ou milho, que é o mais seco de todos. O que interessa é que seja pão artesanal, e não uma dessas porcarias a que se pretende chamar pão, geralmente branco e de forma, todo mole como a borracha, vendido em sacos de plástico, e com um prazo de validade de três anos e meio...Se não sabem do que é que eu estou a falar, talvez ainda não tenham sido violados por algum, mas se os virem, fugam, que aquilo não é pão!...Se não têm a certeza, procurem a lista dos ingredientes, no saquinho de plástico, que deve ser uma longa lista, e se encontrarem mais do que farinha, água, sal, fermento ou levedura, e talvez azeite, então não é mesmo pão!...Simples!!!
Hoje em dia há quem faça coisas, a que chamam pão, que eu não daria nem de comer aos ratos, e por duas razões, primeiro porque não se dá porcaria aos animais, e segundo porque eles não o comeriam!...São ratos mas não são estúpidos!...Já não se pode dizer o mesmo de quem come desse rico 'pãozinho', e gosta!...
Pronto, agora que já sabem acerca do pão, comprem lá umas sardinhas, uns chouriços e umas morcelas, um bom pão saloio, fresco, e um garrafão de vinho, digno de um festim decente, aqueçam essas brasas e toca a festejar, que as coisas mais simples, muitas vezes, são as mais delicadas e saborosas!...
Bom Apetite!
Deste vosso sincero,
CBC

Thursday, January 26, 2006


Não lhes dê Cavaco, dê-lhes antes Cavacas das Caldas!...

Pronto, agora que já provocámos o desconforto necessário para que a memória voltásse um pouco à massa cinzenta dos nossos compatriotas, vamos retomar o rumo original deste Blog, que consiste em navegar por estas imensidões de receitas, que, no fim, acabam por nos encher o papo, que é isso que nós queremos. Por isso, vamos lá encher a barriga de comida, e o resto é conversa, e histórias!...
Esta eu aqui indeciso, da forma como íria virar a proa a esta nossa nobre barca, quando me veio à ideia a receita das Cavacas. Quem é que não conhece, nunca provou, ou não se lembra desses famosos pacotes, cheios de uns doces secos, arredondados, cobertos com uma rija calda de açucar?...Cavacas ou Cavaquinhas, dependendo do tamanho, tão típicas da região das Caldas da Rainha, se bem que se encontrem igualmente noutras regiões, mas neste caso, cada macaquinho no seu galho, e por isso, aqui vamos falar das Cavacas das Caldas. Ainda estive aqui, vai não vai, para falar de outro produto típico das Caldas, que é o original artesanato de barro, tão rico em tamanhos e variações, mas sempre fiel à temática. Talvez noutra altura se fale aqui dos Embrulhos das Caldas, ou talvez o façamos antes na secção do Arroz Doce, que sempre é mais dedicada a esses temas...
Agora que já passámos todos pelo choque das eleições (e ele a dar-lhe!...), e que também já estamos suficientemente distanciados da fartura de doces que nos trouxe o Natal, decidi retomar posse da colher de pau que temos nas nossas reais cozinhas, e começar outra vez a dar uso a estes ovos todos, que as galinhas não param de os pôr, e nós já não aguentamos nem mais uma omoleta, nem ovos mexidos com chouriço, irra!..., que outra coisa não se tem comido nesta casa!
E eu não tenho nada contra o uso dessas ricas charcutarias, mescladas com os deliciosos ovos das nossas galinhas, sim!...porque estes ovos têm umas gemas que é de se lhes tirar o chapéu, de um laranja saudável, nada dessas gemas todas pálidas e anémicas que por aí se vendem, que isso já nem são ovos, são abortos de galinhas, ou ovos-proveta, quais transcendencias genéticas que são feitas em laboratório!...qualquer dia, pelo caminho que isto leva, ainda se compram ovos já com sabor a mortandela e mostarda, ou mesmo a pescada cozida com grelos!...Ai, as minhas queridas galinhas, se elas soubessem o que faz por aí com os ovos...Ao menos estas não comem porcarias... esgravatam no chão em busca de minhocas menos precavidas, e lá levam, de quando em vez, uma mão cheia de milho ou arroz, e uns restos de vegetais de sobra das cozinhas, para variar a dieta. Aqui não há cá desses disparates de galinhas constipadas, com gripes e pneumonias, nem contágios suspeitos, porque ninguém se deita com elas!...Neste nosso quintalinho, as galinhas são saudáveis e ovos são uma delícia. E nesta nota, porque enquanto se conversa aqui, as galinhas continuam a pôr ovos ali, vamos mas é à receita das Cavacas, e dar conta de alguns destes ovos senão temos ovos mexidos outra vez para o jantar!...
Das viagens que se fazem, por terras vizinhas e anexas, podem-se encontrar várias receitas das Cavacas, espalhadas por diversos receituários conventuais, como o do Convento de Santa Clara de Vila do Conde, e da Guarda, e também no Convento de Santa Catarina de Sena de Évora. Porém, a receita que aqui partilhamos, é reclamada pelo Condado das Caldas da Rainha, e é assim que, com todo o nosso respeito a passamos a divulgar:
Comecem por pôr 500 gramas de farinha num recipiente, e juntam 12 gemas de ovos, préviamente separadas das claras, que guardam à parte para serem batidas em castelo, mais tarde, e fazerem um rico Mólótofe! Depois de obterem uma massa homogénea e consistente, juntem 60 gramas de manteiga derretida, e batam bem até a massa estar bem ligada. Tendem, então a massa, em bocadinhos de forma redonda, com cerca de 5 centimetros de diâmetro, e levem a forno médio, a cozer, num tabuleiro untado, ou coberto com papel de pasteleiro. Depois de cozidas e frias, preparam a calda do açucar, levando ao lume 500 gramas de açucar e 2 decilitros de água, deixando ferver até atingir o ponto de espadana. Retiram o tacho do lume, e mexem bem, com uma espátula de varas. Mergulham rapidamente as cavacas, retirando-as imediatamente e deixando-as secar ao ar. São uma delícia, e tanto os diabetes como o dentista vão gostar imenso de vós!...Bom Apetite!
Abraços desta Nobre Cozinha que vos serve,
CBC

Wednesday, January 25, 2006



Nem sempre Recordar é Viver, às vezes recordamos o tempo em que se morria só por falar!

Uma vez que determinámos que portugal tem a memória curta, decidimos inserir aqui um bocadinho de história, só para não se esquecerem!...

Este foi um texto extraído de um documento público:
'Um sítio mandado construir a 23 de Abril de 1939 pelo governo colonial português chefiado por António Oliveira Salazar para albergar presos políticos e sociais. Isto para ilustrar que os jovens do Tarrafal e de Cabo Verde desconhecem a história de sofrimento, dor e resistência que conta o espaço. Hoje, no dia que completam 69 anos da criação da Colónia Penal, o ex. Comandante militar, Júlio Monteiro, promove uma visita guiada ao ex. Campo com as associações juvenis do Concelho do Tarrafal. Monteiro foi responsável pelo treinamento militar no ex. Campo, depois da Independência Nacional e alimenta o sonho de um dia ver o sítio transformado em museu e numa escola profissional para jovens.O projecto sobre a ex. Colónia Penal de que se ouve falar diz respeito à sua transformação em museu de resistência.Lamentável, entretanto, é o estado de conservação do espaço: grades que caem, tectos e paredes em ruína e a aparência de um total abandono. As pequenas intervenções havidas no ex. Campo são insignificantes diante do peso da memória que carrega. O Edil local, diz, entretanto, estar certo, de que dentro de um ano a ex. Colónia Penal de Cabo Verde poderá vir a ser digno de lugar de memória.'

E, ainda, para se recordarem mais uma vez, e ninguém se esquecer mesmo nunca...

Outro texto extraído de um documento público, desta vez em língua inglesa, para mais pessoas poderem ter acesso!...

'Tarrafal Concentration Camp
TARRAFAL, CAPE VERDE
Some 600 kilometers off the west coast of Senegal, the Cape Verde archipelago was first settled in the fifteenth century by the Portuguese, who controlled the islands for more than five centuries, during which time they used them as a hub for shipping and the slave trade. In 1933, the Portuguese dictator Antonio de Oliveira Salazar established the prison camp of Tarrafal on Santiago Island, where all manner of political opponents as well as African nationalists rebelling against colonial rule in Cape Verde, Angola, and Guinea-Bissau were imprisoned and tortured. This continued until Cape Verde gained its independence in 1975. Since then, the complex, which contains prison cells, administrative facilities, and a small railway for the transport of supplies and fuel, has been used as a military base, a refugee camp, a storage facility, and a school. Over the past three decades, the prison has been disfigured and damaged as a result of such alterations and neglect. Most of its buildings lack windows and doors, and many of the buildings’ roofs are missing or badly damaged. It is often difficult to find support for places that highlight dark chapters in human history, but such sites are important reminders of what is at stake in the universal quest for freedom. It is for this reason that the Association of Former Political Prisoners of Cape Verde is seeking to restore the Tarrafal complex as a museum. It is hoped that listing will raise public awareness of this politically potent site.'

Agora, aqueles que não sabiam, ou se esqueceram, já podem iniciar as suas próprias pesquizas e aprender o que foi Portugal durante 48 anos, até ao 25 de Abril de 1974!...
Poetas e artistas, através da vontade de serem livres, e da necessidade de gritarem liberdade, durante e depois desses duros anos de ditadura e repressão, continuaram sempre, muitas vezes com algum perigo, a expôr os crimes à liberdade humana. E eu não posso, de forma alguma, deixar de integrar aqui um poema, da autoria de José Carlos Ary dos Santos:

Aos Mortos-Vivos do Tarrafal

Ao cabo de Cabo Verde

dobrado o cabo da guerra

quando o mar sabia a sede

e o sangue cheirava a terra

acabou por ser mais forte

a esperança perseguida

porque aconteceu a morte

sem que se acabasse a vida.

Ao cabo de Cabo Verde

no campo do Tarrafal

é que o futuro se ergue

verde-rubro Portugal

é que o passado se perde

na tumba colonial.

Ao cabo de Cabo Verde

não morreu o ideal.

Entre o chicote e a malária

entre a fome e as bilioses

os mártires da classe operária

recuperam suas vozes.

E vêm dizer aqui

do cabo de Cabo Verde

que não morreram ali

porque a esperança não se perde.

Bento Gonçalves torneiro

ainda trabalhas o ferro

deste povo verdadeiro

sem a ferrugem do erro.

Caldeira de nome Alfredo

fervilham no teu caixão

contra o ódio e contra o medo

gérmens de trigo e de pão.

E tu também Araújo

e tu também Castelhano

e também cada marujo

que morreu a todo o pano.

Todos vivos! Todos nossos!

vinte trinta cem ou mil

nenhum de vós é só ossos

sois todos cravos de Abril!

No campo do Tarrafal

no sítio da frigideira

hasteava Portugal

a sua maior bandeira.

Bandeira feita em segredo

com as agulhas das dores

pois o tempo do degredo

mudava o sentido às cores:

o verde de Cabo Verde

o chão da reforma agrária

e o Sol vermelho esta sede

duma água proletária.

Do cabo de Cabo Verde

chegam tão vivos os mortos

que um monumento se ergue

para cama dos seus corpos.

Pois se o sono é como o vento

que motiva um golpe de asa

é a vida o monumento

dos que voltaram a casa.


Abraços das Nobres Cozinhas!

CBC

Tuesday, January 24, 2006


Cartas Recebidas...

Se bem que estas situações não sejam de modo nenhum normais, nem acontecem com frequência, nós decidimos fazer uma excepção á regra, e publicar um desenho que nos foi enviado por um menino, que se esqueceu de assinar o nome, mas disse que tinha 8 anos de idade, com o seguinte texto:
'Este senhor é o meu vizinho do lado. O meu pai diz que ele é muito importante e que ganhou as eleições no Canadá mas que eu não tenho que ter medo porque ele só ganhou com uma minoria de 35% e o outro partido ainda tem 30% e ainda há outro partido que tem 17% e eles não gostam nada uns dos outros e por isso não vão ser amigos e por isso a gente não vai ter nada a acontecer até haver eleições outra vez porque assim o meu vizinho já não vai poder fazer muitas maldades porque os outros senhores não vão deixar porque eles têm de concordar todos uns com os outros e o meu pai diz que isso é impossível e por isso eu não tenho que me esconder na cave se ele vier cá a casa. O meu pai também disse que este senhor é muito amigo do Senhor Bush que também é assim muito mau e também come criancinhas ao almoço como o meu vizinho mas a gente teu um cão e ele protege a gente e assim nós não temos medo e podemos dormir bem. A minha mãe disse que o meu vizinho faz parte de um grupo secreto muito mau que costumava queimar pessoas em fornos muito grandes e também queimavam as pessoas que não tinham os olhos azuis e os cabelos louros, e também queimavam as mulheres e cortavam-lhes o cabelo primeiro e depois davam-lhes um duche e o duche tinha veneno e elas morriam e o meu vizinho é muito amigo deste grupo e também gostava de fazer isso a toda a gente que não é daqui do Canadá e como ninguém é daqui só os ìndios e esses estão todos doentes e o meu vizinho também quer queimar os doentes e por isso a minha mãe diz que não ía sobrar ninguém aqui e o meu pai concorda mas o vizinho não pode fazer isso agora porque só ganhou um bocadinho porque se tivesse ganhado muito era diferente e ele ìa fazer fornos muito grandes e eu não sabia que as pessoas que fazem política podem construir fornos mas o meu pai disse-me que o vizinho os mandava mas era fazer e depois antes de queimar toda a gente queimava primeiro os que ele mandou fazer os fornos só para não lhes pagar e eu acho que isso não é bom e por isso quando eu for crescido e se o meu vizinho nunca ganhar até eu ser grande senão ele queima-me mas é eu nunca vou votar nele senão ele vai só fazer mal ás pessoas e eu não quero que ele faça mal á minha mãe nem ao meu pai nem ao meu cão nem aos meus tios que me dão prendas no Natal nem á minha avó que faz filhoses e outros doces que eu gosto muito e nem aos meus amigos da escola e nem á minha professora por isso eu nunca vou votar nele.'

Monday, January 23, 2006



Heil Cavaco!... (Olha! encontrei estas duas fotos,e decidi colocá-las aqui, juntas, mas não foi de propósito, calhou!...)

Queridos Portugueses,

Desejo-lhes muita sorte, que vão precisar muito dela!...

Reparo que, depois das famosas eleições que tiveram, com uma abstenção da ordem dos 37% (é pena não haver o partido da abstenção, porque ganhava!...Ai, como eu adoro a participação nacional no quadro político do país!), decidiram escolher um candidato de extrema direita.

Ainda retornando ao assunto da abstenção (e talvez isto não afecte os que não votaram, porque decidiram abster-se da responsabilidade social de escolher um candidato digno de representar e proteger os seus interesses socio-politico-económicos), talvez seja esta a última vez que têm de votar durante muito tempo. Afinal, não seria a primeira vez que, em Portugal só se votava uma vez em 48 anos!!!...Mas eu devo estar aqui a falar chinês, ou úcraniano, que para o caso faz a mesma diferença, porque aparentemente os habitantes da Lusa Terra já perderam toda a noção, e recordação do que foi o Novo Império. Por isso, desejo-lhes mesmo muita sorte e felicidades, que só têm aquilo que merecem!...E não se atrevam a queixar-se, porque a maioria nem sequer votou, e quem não vota, tem apenas o direito a estar caladinho e a engolir todos os sapos vivos que lhe forem oferecidos. A escolha foi vossa, ou a falta de escolha!...Agora deitem-se na caminha que fizeram, e durmam bem está bem?...Que a Nossa Senhora há-de ajudá-los, e para se distrairem sempre podem ir ao futebol, que ainda é permitido!...

Sorte temos nós, famílias nobres que vivemos nos nossos próprios condados, mais afastados dessas confusões, e que só temos de nos preocupar com os nossos vassalos, e assegurar o seu bem estar, para eles assegurarem o nosso!...Agora, vocês nem isso têm!...

Como sabemos que as coisas vão mudar, vou dar-lhes aqui uma receitinha, muito a propósito, pois pode ser que tenham de decorá-la muito bem, e precisar dela ainda mais!

Para já, não se esqueçam do feijão, que é nutritívo, e é a carne dos pobres, simplesmente cozido e servido só, ou com arroz, que tira a barriga de misérias.

Mas como calculo que possam vir a enjoar depressa do feijão com arroz, todos os dias, a não ser que tenham estado na tropa, e então habituam-se, vou dar-lhes, por essa razão, aqui outra receita, do meu coração para o vosso....Aqueles que o têm, claro, que quem não votou não conta, e quem votou Cavaco pouco conta também!...Desculpem lá o mau jeito, mas isto agora é assim, pão, pão, queijo, queijo!...E por falar em pão, comecem a guardar esses restinhos de pão, que não tarda nada vão fazer muita falta, e plantem também uns vasinhos com coentros, que vai dar muito jeito e sabor. Quem quer alhos que os compre, ou na hortinha também crescem bem! Depois, ponham o pão de molho, em água (se ainda houver!), e num tacho, fritem um alhos migados num pouco de azeite com uma mão cheia de coentros picadinhos, juntem o pão esmagado e escorrido, sal, e mais uns coentros picados, e aos poucos juntem um pouco da água do pão, para obter uma papa consistente, mexendo sempre para não deixar pegar ao tacho. Geralmente este processo demora cerca de 5 a 10 minutos, até a açorda estar pronta!...Para aqueles que o puderem fazer, podem juntar uma gema de ovo, no fim, e misturar bem, que sempre torna a açorda mais rica e saborosa.

E pronto!...A receita da açorda já aqui está. Eu resolvi dar já esta receita, não vá ela fazer muita falta, e vocês terem-se já esquecido dela. Porque era comum há uns 30 anos atrás, mas os Portugueses, pelos vistos, têm uma memória curta, vê-se pelos resultados das eleições, e assim eu vim lembrá-los. Quem há-de estar a dar voltinhas de contente no caixão é o Sá Carneiro, mas isso já é outra história, e eu não quero transformar o Livro de Receitas num palco de discussão política, afinal isto são tudo histórias para no fim dar umas receitas ...

Aproveitem enquanto podem, e aprendam também a fazer uma Sopa Alentejana, que é outra variação da açorda, e mesmo umas Migas com Tomate, que sempre dá para variar, ou Arroz com Atum, que dá energia e nutrição!...Meus amigos, durante uns tempos, vou dedicar o Receituário a petiscos simples e moderados, com ingredientes muito básicos e acessíveis, porque tenho a impressão que vocês vão precisar de um Manual de Sobrevivência.

Saudações Democráticas (Eu espero que isso não seja ílegal, ainda!...) e abraços destas Cozinhas Nobres, que nunca deixarão a voz da verdade e da razão ser oprimida. Liberdade para sempre!..Ai, e antes que me esqueça!...Heil Cavaco, morituri te salutant!...

CBC

Saturday, January 21, 2006


Phaseolus vulgaris,...a arma secreta!

Preparem-se!...Quando o Tio Sam descobrir que nós temos uma arma químico-biológica muito mais potente que o pessoal do Oriente é que vão ser elas!...Até vai deitar fumo!... e o cheiro!...Mmmmm
Quem diria que este simples e vulgar legume pudesse ter assim um percurso tão nobre, digno de semelhante menção!...
Falamos do nosso querido e estimado feijãozinho, multicolorido, que cresce em vagens, amarinhando mais, ou menos, clandestinamente pelas canas acima, em todos os quintalejos deste nosso Condado.
Alguns etimologistas mais ousados atribuem a origem do nome deste legume como sendo proveniente da palavra indo-europea 'Bhabha', mas estou convencido que é daí que vem o nome de fava, um outro tipo de feijão, também primo da família das Leguminosas.
O feijão é um dos alimentos mais comuns do mundo, havendo mais de 150 espécies diferentes. Também apelidado de 'carnes dos pobres', pelas suas qualidades albuminóides, tão rico em proteinas, e pelo facto de se poder secar e usar durante o Inverno, quando os vegetais frescos são mais escassos, e nós andamos que nem umas baratas perdidas pela cozinha fora, á procura de ingredientes para confecionar as nossas já tão apreciadas iguarias. Afinal, que é que dispensa uma rica Feijoada, seja ela feita á Moda do Porto, ou á Brasileira, ou mesmo um simples petisco como o Arroz com Feijão, tão típico da zona Veneziana!...Nós queremos é feijão!...Além disso, sem ele, não seria possível enviarmos fragatas para o Golfo Pérsico, ou vocês pensam que as embarcações da nossa Marinha de Guerra navegam a gasolina ou a carvão?!... Nós, afinal, preocupamo-nos com a natureza, e utilizamos gas natural, sim!... Aqueles marinheiros são todos alimentados a feijão, e depois são colocados numa sala herméticamente fechada onde a pressão é condensada, e os gases são lentamente encaminhados, através de uma complicada esquadria de tubos e válvulas, em direcção á sala das máquinas que utilizam o referido gás para duas funções específicas; a primeira consiste na sua utilização como combustível gasoso. A segunda função é de teor defensivo, dentro de parâmetros restrictos de guerra químico-biológica, e por questões de segurança militar, não podemos desvendar o processo dessa função, mas podemos adiantar que é um tipo de arma utilizada com frequência nos nossos transportes públicos do Reino, nomeadamente nos Coches, na esperança de obter um lugar, ou para simplesmente criar espaço á nossa volta!...Estão a perceber, decerto?...
Em nota de rodapé, cada um vive com aquilo que tem, e nós, somos pobrezinhos de currentes estratégias políticas ou de equipamento militar á altura de qualquer país sub-desenvolvido!... mas somos ricos de origens, de espírito, e de memória histórica, principalmente de há 500 anos atrás, e temos uma rica reserva de armamento tóxico-núclear, consistente de inúmeras latas de feijão, em todas as dispensas dos nossos quartéis, para o caso de uma invasão do Tio Sam, que se eles aqui viessem, esta gaita até chiava!...E não havia fato químico que os salvasse!...Ai isso não!...
O feijão tem sido cultivado em várias regiões do mundo, durante séculos, e são capazes de ter tido origem na América do Sul, de onde foram trazidos, entre outras riquezas igualmente roubadas pelos exploradores espanhóis, como presente para o Rei Carlos V de Espanha. Os espólios do Novo Mundo...Como o Carlos V não percebia nada de agricultura, nem de cozinha, ofereceu um saco deles ao Papa Clemente VII, que era da família dos Medici, que por sua vez, também bom conhecedor de coisas de cruzes, mas pouco de agricultura, os ofereceu a Piero Valeriano, conselheiro-mor de familiares do referido Papa, tendo então, finalmente, os ditos e viajados feijões sido introduzidos na Itália por este afamado Valeriano. Ora, o Valeriano descreveu, em pormenor, o processo de germinação e cultivação do feijão, numa enciclopédia que escreveu, intitulada Hieroglifica. Será ainda justo mencionar a disseminação dos feijões, pela família dos Medici, em terras de França, quando a Catarina de Medici levou, como parte do seu enxoval, um saquito de feijão para França, nas bodas do seu casamento com Henrique II, Rei de França. 'Tomai estes feijões convosco, real senhora...', dizia-lhe a ama antes da partida, '...e se vos encontrares em situação de perigo, tomai as ditas sementes de uma só vez, com água, e Deus vos proteja com os abençoados efeitos que tivereis contra os malditos que vos importunam!...' (não sei porquê, mas ainda hoje levamos estas historias á letra!) A verdade é que os feijões fazem parte integrante da nossa culinária, nomeadamente através de sopas, feijoadas e dobradas, e até se utilizam para a confecção de doces.
Nas nossas nobres e estimadas cozinhas, o feijão é utilizado diariamente pela plebe, como fonte de alimentação, e como entretenimento (os concertos de som são admiráveis!...), e igualmente para a satisfação das nossas próprias e estimadas pessoas, em ricas e abastadas receitas, tais como a dos famosos Pastéis de Feijão!...
Nas nossas cozinhas, estes pastéis fazem-se assim, para a massa, misturam 300 gramas de farinha, uma pitada de sal, e 1 decilitro de água. Trabalhem bem a massa!...nunca ouviram falar do pão que o diabo amassou?...é a mesma coisa!...Muito bem amassada, a massa, embrulhada num pano seco, e outro húmido, e guardam até ser precisa. Para o recheio, levam ao lume 400 gramas de açucar com 1,5 decilitros de água, e deixam ferver 5 minutos. Num recipiente, misturam as gemas de 12 ovos com 100 gramas de feijão cozido, reduzido a puré, e 100 gramas de amêndoa ralada. Depois de isto estar tudo muito bem misturado, juntam um pouco da calda de açucar, mexendo sempre muito bem, e adicionam, pouco a pouco, o resto da calda. Levam esta mistura ao lume, e deixam ferver mais 5 minutos. Depois disso, estendem então a massa, e forram as forminhas. Enchem as formas com o recheio, e vai ao forno, a cerca de 220ºC, durante 30 minutos, e isto é a olho!...
Beijinhos e Bom Apetite, das nossas Nobres Cozinhas!
CBC

Monday, January 16, 2006


Peixeirada

Pois é meus queridos vassalos, este domingo lá vamos nós levar ao trono mais um reizinho mas garanto que nesta minha curta (cof, cof...) existência ainda não tinha visto nenhuma campanha eleitoral tão hilariante. Há de tudo para todos os gostos. À esquerda temos os jaquinzinhos , cuja campanha assenta no sólido programa "olá mãe, estou na televisão" e, entre uma beijoca num puto ranhoso das barracas e um fraterno abraço num ucraniano das obras, garante mundos e fundos, desde a demissão do governo (seja lá ele qual for que isso agora não interessa nada) à reconquista dos valores de Abril (que também já ninguém sabe lá muito bem o que é).
Os socialistas, e reparem que não é inocente esta minha distinção em relação à esquerda, brindam-nos não com um, meus senhores, mas dois magníficos candidatos...
O Soares, coitadito, mais parece um arenque fumado e sempre que acorda chora de alegria por ainda estar vivo. Infelizmente para ele, é o único a acreditar nisso. Mas não deixa de fazer uma campanha interessante, não meus senhores, faz até umas bonitas alusões ao D. Sebastião, que tirando o facto de ser gay, o que dá sempre um colorido ao reino, também não fez mais merda nenhuma pela coroa, mas vá...
Não nos esqueçamos da boga, esse peixe de rio, quase sem sabor e que só a negra fome faz com que alguém a coma. Falemos agora de Manuel Alegre, o auto-proclamado guerrilheiro da democracia, o que até podia ter graça se já toda a gente andasse a lamber alcatifas para sobreviver. Pelo menos este, temos a certezinha que é português já que como toda a gente sabe, todos os portugueses são poetas.
Finalmente o grande Cavaco, que não serve nem para sopa de barbatana de tubarão, intragável até cozinhado com a receita de gaivota fornecida pelo mui nobre e sempre leal Conde Montanelas
O desgraçado prometeu que reconquistava o Brasil, depois Africa e finalmente que teria a seus pés o Império da União da Europa, e que quem não votasse nele ia para o inferno.
Será garantidamente o próximo reizinho. Quem é que não tem medo de ir para o inferno, afinal de contas?
E assim vou dando contas das conversas que correm cá pela cozinha.

O Palavreado das Receitas

Já estamos a meio de Janeiro, e ainda ando a comer os restos dos doces de Natal!...Ainda hoje, ao pequeno-almoço, comi um pires de broas castelares, e já não sei a quem é que hei-de dar mais uma caixinha delas porque já dei a toda a gente que está ao meu alcance. Não é que elas se estraguem, mas quero fazer outros bolos e bolachas, e não dá jeito nenhum fazer isso com uma caixa cheia de broas!...A culpa foi minha, com a mania de ter receio que as broas não chegassem se eu tivesse só feito a quantidade inicial indicada na cábula, resolvi fazer o triplo, vejam lá bem, que deu nada menos do que oitenta e tal broas, sem contar com as que se íam comendo à medida que saíam do forno...aquilo é que foi uma barrigada de broas, sim senhor!...
Já uma vez tinha vindo visitar-me o senhor meu irmão, o Conde de Burriés-de-Baixo, que por tal feito mereceu ser feita uma celebração digna de um banquete à altura da linhagem de Sua Senhoria, e para tal, remexeu-se a cozinha de um canto ao outro, poliram-se os potes de bronze e limpou-se o pó das colheres de pau, e fez-se um festim do qual conta assim a ementa:
Para a entrada, fritaram-se umas sardinhas, simplesmente salgadas e passadas por farinha, que se comeram com as mãos, no balcão da cozinha, e fritaram-se também umas alheiras de Mirandela, com a respectiva batata frita a acompanhar. Ainda como aperitivo, serviu-se uma grande variedade de Queijos, que vieram dos mais afastados e diversos cantos de todo o Império, e um sortido de Enchidos dignos de qualquer Feira da Especialidade!...
Para os condutos, serviu-se uma travessa de pastéis de bacalhau, ainda quentes e estaladiços, uma terrina de polvo estufado, apresentado com fartura de batatas-a-murro, assadas no forno, e ainda outra caçoila de barro a transbordar de chanfana de cabrito. Para a sobremesa, apresentou-se um tabuleiro com mais de cinquenta pastéis de Feijão, que foram comidos antes de arrefecerem.
Estávamos preocupados que a comida oferecida no banquete não fosse o suficiente para todos os convidados, que foram quatro, ao todo, incluíndo as nossas próprias pessoas!... Afinal chegou, mas também não houve restos!...
Mas, como dizia eu, com estes meus excessos quantitativos de exuberâncias culinánias, tenho de arranjar maneira de acabar de comer as broas, e pensei, vou-me sentar na minha poltrona, em frente da televisão, a apreciar distraídamente algum filme passageiro enquanto devoro mais umas broas...qual quê!?...Até me engasguei!...Por pouco que não ganhei os soluços que tinha a televisão enquanto esquartejava o filme que apresentava!...E esquartejar nem chega a dar justificação suficientemente justa ao que eles fizeram ao filme!...Eu explico...Agora é comum apresentar abertamente o resultado final dos sofisticados lavoros das crusadas da censura nos programas de comunicação social, respectivamente, na televisão. Então é assim, como não se pode dizer asneiras nenhumas nos filmes, as palavras são cortadas, deixando um breve, ou longo, espaço, dependendo do tamanho do palavrão, ou palavrões, entre as frases, conversas, e diálogos dos personagens. É interessantíssimo!... 'Anda cá, ó.......de.........', 'Este.......agora está a chamar-me só para me.........o juízo!', 'Ò Manel, vai buscar a...........das galochas, e põe-te nas.....'
Pois, os filmes agora têm muito mais valor moral, sem dúvida!... Principalmente quando estão todos a andar á pancada, e a chamar nomes uns aos outros, até parece que estamos a ver um filme mudo!...E eu a encher a boca de broas, todas seguidinhas, de enfiada, para não dizer nada, ainda com os olhos muito esbugalhados de surpresa, quase a cair do trono abaixo!...Então isto faz-se?...Há certos filmes, que eu conheço, que vão passar a ser mudos!...E vá lá, ainda não terem cortado a violênçia...senão deixava de haver televisão na terra do Tio Sam, já viram lá isto!...Ainda bem que os departamentos de censura são tão eficientes! Fico muito mais descansado agora que as criancinhas não têm de ouvir as poucas-vergonhas que se dizem na televisão enquanto as manas massacram um ceguinho com uma catana e violam o cão com um poste de eletricidade enrolado com arame farpado!...Uff, que alívio!...Podem aprender a matar e a torturar tudo o que quizerem, mas dizer merda é que não!....Ai, que eu agora disse uma asneira e eles vão cortar o meu Blog!...
Se isto não fosse um serviço público, garanto-lhes que enchia uma página de obscenidades, nem que tivesse de telefonar a alguém para aprender mais palavrões!...
Bom, vamos lá á receitinha das broas castelares, para vocês fazerem muitas para o ano, e me mandarem um pratinho delas, se eu já tiver acabado as minhas!...E se pedirem com muito jeitinho, um destes dias, também hão-de ver a receita dos pastéis de feijão!...
Cozem, descascam, e passam a puré 250 gramas de batata doce, misturam 250 gramas de amêndoa ralada, e 250 gramas de açucar. Levam esta mistura a lume baixo, e mexem bem até estar tudo bem ligado. Retiram do lume e misturam 125 gramas de farinha de milho, e 125 gramas de farinha de trigo, previamente misturadas. Adicionam depois 4 ovos inteiros, batidos, e as raspas de um limão e uma laranja, e envolvem bem a massa até estar muito bem misturada.
Agora aqui é que está o segredo!...esta mistura vai ficar muito mole, e não deixa formar broinhas á mão. Então, precisam de um recipiente com farinha, e com duas colheres de sopa, como se fazem os pastéis de bacalhau, formam assim as broas e deitam na farinha. Depois é como pegar em sardinha fina, com muito jeito, para não desfazer a broa, moldam de forma oval, sem as achatar, e colocam as broas num tabuleiro forrado, ou com folha de obreia, ou com papel de pasteleiro. Pincelam as broas com gema, ou ovo inteiro batido, que é o que eu faço, e levam a forno quente até corarem. Bom apetite, beijinhos de Burriés-de-Cima, e não vejam filmes com palavrões, escolham antes um filme de guerra!...Ou comam uma peça de fruta!...

Thursday, January 12, 2006


Desperdícios!...

Vê-se bem que estou fora do meu quintalinho há muito tempo, e que até me esqueço de mencionar a utilização dos desperdíçios alimentícios. Não foi assim que eu fui ensinado!...Que lá em casa tudo era reciclado e muito bem aproveitadinho, sem haver necessidade de existirem programas estruturados para isso.
Estes putos agora têm tudo!...Até sarna, e com fartura, para se coçarem, mas nós não tínhamos sarna, isso não!...
Os carrinhos de linhas da caixa da costura, que eram de madeira, sim!...o plástico ainda não era nascido, vejam lá!...Os carrinhos de linhas, quando estavam vazios, punha-se um fósforo curto de um lado, para prender um elástico que o atravessava pelo furinho, e no outro lado punha-se um fósforo inteiro. Depois, dava-se voltas áquilo, para criar tensão no elástico, e quando se punha o carrinho no chão, aquilo é que era uma corrida!...Brinquedos era assim, pois, qual nintendo, qual carapuça!...Filho, o que é que queres para o Natal?, ò Pai, quero Nintendo!...Não me intendes?!...Então quando me intenderes, diz-me lá o que é que queres!... Eu tinha um comboio de lata...e parti a cabeça com ele várias vezes, graças à mana, que por já ter sido da proxima geração pensava que aquilo era um projéctil...
E quando íamos á mercearia, que supermercados ainda nem eram uma palavra que existia na nossa língua, era tudo embrulhado em papel-pardo, que servia para escorrer o peixe frito, ou as batatas fritas, do óleo excessivo. E tudo muito bem atado com guita colorida, que era meticolosamente guardada na gaveta da cozinha, e quando havia que chegasse, faziam-se pegas, redondinhas como as cascas dos caracois, para a cozinha, em croché, com aquelas guitinhas todas, ás cores, atadas umas ás outras, olarila!...e do lado avesso eram forradas com pano grosso de restos de cortinados antigos, ou calças condenadas, para não queimar as mãos nos tachos, por entre os buraquinhos do croché.
E os jarros de vidro da Tofina, vocês recordam-se?...Eram usados para tudo, desde guardar botões, pão ralado, arroz, feijão, pregos e parafusos, eu sei lá!...
Restos de comida também não íam para o lixo!... primeiro porque mal havia comida, quanto mais restos, e depois, se os houvesse, ou eram o conduto do dia seguinte, que era o mais certo, ou era a comida do cão, se houvesse um e ainda não tivesse sido comido!... Ai, aquela guerra do Ultramar só causou miséria!...escasseava tudo, desde o leite até ao petróleo, que era o que se usava para aquecer as casas, se houvesse um calorífero, ou calorífrico, que era o que os vizinhos lhe chamavam, e se houvesse um, aquecia-se a água em cima, para fazer o chá, ou lavar os pés no bidé!...pois, os pés e outras coisas!...Isto tudo, claro, se houvesse água, ou luz, que também faltava com frequência, por causa das medidas de poupança
Mas no meio desta conversa toda, acabei por desviar outra vez a conversa, por portas e travessas, e ainda temos aqui uma tijela cheia de claras de ovos, porque os Pastéis de Nata e as Queijadas de Sintra só usaram as gemas!...Então e o que é que se pode fazer com as claras?...Podem-se fazer farófias, que é muito bom, e por falar nisso, tenho de ir desenterrar essa receita lá do porão do Palácio dos Burriés, que há anos que não se faz tal sobremesa!... Mas pode-se fazer um Molotofe, que é uma rica receita, e não dá trabalho nenhum, leva só claras, açucar, e caramelo, que também é feito de açucar!...Uma receita muito nutritiva, sem dúvida...
Se vocês não sabem fazer caramelo de açucar, também vos digo que não prestam para nada, deviam deixar de ler este blog, e deviam atirar-se da ponte abaixo, que não saber fazer caramelo, na cozinha daquele chefe muito fino, que vocês já sabem qual é, era pontapé na boca garantido, ou ser estripado com uma colher depois de ter levado com tomates maduros na cabeça até fazer ferida!...Desculpem o grafismo violento, mas 17 anos a ver a televisão do Tio Sam afecta os neurónios um bocadinho...Se preferem uma ideia menos gráfica, façam uma plástica, e mandem retirar o umbigo para a vossa mãe não ter de admitir que são filhos dela, nem haver provas disso!
Bom, agora que já envergonhei toda a gente que não sabe fazer caramelo em casa, vão lá ao supermercado comprar um frasco de caramelo, senão ainda se estragam as claras e nem o pai morre, nem a gente almoça.
Já temos o caramelo, o açucar, e as claras, certo?...Agora vamos aquecer o forno, e pôr lá um tacho com água para se cozer o Molotofe em banho-maria, e se não souberem o que isso é, apliquem o mesmo tratamento sugerido àqueles que não sabiam fazer o caramelo. E já agora, certifiquem-se que a forma que vão usar cabe dentro do tacho, está bem?...
Untem a forma com manteiga e açucar, batem as claras em castelo (tratamento do umbigo para quem não sabe...), juntam o açucar e o caramelo, batem muito bem, deitam na forma, colocam no forno quente, em banho-maria, e deixam cozer durante 10 minutos, ouviram?...Não são 9 nem 11, são dez minutos, é tudo!
Agora as quantidades, aposto que querem saber as quantidades, certo?...
Para cada 4 claras de ovos, juntam 200 gramas de açucar e duas colheres de sopa de caramelo.
Eu não vos disse que aqui não se desperdiça nada?...
Beijinhos do CBC!
Receitas Exóticas

Hoje sugiro-lhes uma coisa leve e que faz sempre uma mesa muito bonita: sushi.
Como podem ver pela receita, pode ser mais fácil do que fazer sardinhas em lata e também se digere com mais facilidade.

beijos no coração, deste que vos estima e se assina, CBB


O Caracol Perdeu as Cuecas!...

Isto já é conspiração...Os sobrinhos do Tio Sam, que vivem em casa dele, decidiram arranjar uma desculpa toda esfarrapada só para poderem comer as Queijadinhas de Sintra, e os Pastéis de Belém do Caracol!...Já não chegava terem explorado a pobre da lebre e da tartaruga naquela história ramelosa, cheia de espírito competitivo, agora, assaltam invertebrados em plena luz do dia, no meio de um aeroporto!...Tudo isto para comerem os pastéis sózinhos!...O que eles pensam é que nós não sabemos acerca da história, já antiga, de roubarem as casas aos caracóis e chamarem-lhes lesmas...mas agora não!...não senhor!...isto agora é diferente, e o caso muda de figura!...O que eles não sabiam é que este caracol não era um simples molusco gastrópode, mas sim um conhecido e famoso personagem, a quem os orgãos de comunicação social dão muita atenção, pois!...Agora, só por causa do gamanço dos pastéis, têm de lhe levar a malinha de volta, de limosine e tudo!...e aconselho os nossos ricos sobrinhos a apresentarem as cuecas muito bem lavadinhas, e passadas a ferro, que isto não é o salve-se quem puder!...E, francamente, em vez de perderem tanto tempo a desviar a mala, por portas e travessas, só por causa de uns pastelinhos, podiam ter antes pedido a receita, que nós até estamos aqui é para ajudar!...
Ó Caracol, se decidires fazer a receita antes de eles te trazerem a mala, arranja um aventalinho, para não queimares o pauzinho na porta do forno!...
Então aqui vai:
Para os Pastéis de Nata, deitem 3 decilitros de natas e 6 gemas de ovos num tacho, e juntem 150 gramas de açucar. Levem a lume brando até ferver, mexendo sempre devagarinho. Deita-se esta maravilhosa mistura em formas forradas com massa folhada, fina, e leva-se a forno forte até estarem prontos!
Para as Queijadas de Sintra, a massa é feita com 250 gramas de farinha, água e sal, a olho, que era assim que a comida era feita lá em casa. Façam a massa de um dia para o outro, para levedar, e ficar riginha (embrulhem a massa num pano seco, coberto com outro molhado!).
Para o recheio, desfaçam 400 gramas de queijo fresco, misturem 350 gramas de açucar, e juntem 4 gemas de ovos, 60 gramas de farinha, e uma colher de café de canela. Isto é tudo muito bem misturado, as formas são forradas com a massa estendida, fina, e o recheio é aí colocado, capisce?...
Cozem esta gaita em forno quente como o caraças, durante 10 minutos, que é o tempo de beber mais uma bica e um bagaço, e comer um pastél de bacalhau!...
Agora não quero que pensem que estas receitas me foram dadas assim! Que aquilo lá em casa era tão fino que até espetava!...Tudo de faca e alguidar, as receitas eram feitas entre chapada e pontapé nas trombas, e enquanto coçava furiosamente as redondezas do material recreativo, de beata na boca, dizia o chefe, 'É pá, ó ranhoso, mistura lá a merda do queijo c'a po'caria do açucar até essa merda ficar com'ó vomitado' (pausa para escarrar no chão e limpar ás costas da mão) 'Já tá?...Atão agora mistura lá as putas das gemas mais a farinha!...Prontes, agora metes lá a puta da canela, e misturas bem até isso ficar com'á nhanha, tudo pegajoso...' (Pausa para ir mijar e regressar, ainda a apertar a breguilha, com as mão cheias de mijo. Açender mais um cigarro, e continuar) '...'da-se!...ainda não forráste a merda das formas?...'Tás á espera que seja eu a fazer, não?...Não tarda nada levas mais uma biqueirada nos cornos, ó paneleiro da merda!...Vá lá, pá!...despacha-te lá!...'(Devo acrescentar que, ainda hoje o meu psicologista não percebe muito bem o que é que aconteceu!...) E o chefe continuava a ensinar, 'Já 'tá?...atrasado mental da merda!...põe lá a merda do recheio nas putas das formas e põe mas é essa merda toda no caralho do forno, e despacha-te!...'
Eu peço desculpa, mas decidi editar o texto na sua integridade, sem fazer qualquer corte de censura linguística, ao contrário dos filmes na televisão do Tio Sam, pois!...
Então bom apetite, e beijinhos!

Wednesday, January 11, 2006

O amor é como um pastel de bacalhau

tal como no amor, temos que livrar os abençoados ingredientes de cascas, peles, espinhas e outras impurezas. Depois há um processo de desconstrução. Temos que esmagar as batatas e o bacalhau. Os incautos que se cuidem pois nem sempre este processo corre às mil maravilhas. É que é nesta fase que se começa a fazer a massa e às vezes os ingredientes recusam-se a cooperar, parece que não ligam, que falta qalquer coisita... experimentem juntar os ovos, sei lá... sempre lhe dá mais substâncias. mas o que seria do amor sem tempêro? Não usem nada muito despropositado. bastam uns alhos picadinhos e, claro está, sal e pimenta, sem os quais não se cozinha nada, nem o amor, como qualquer um já terá oportunidade de ter descoberto.
Parece simples não é? mas a verdadinha é que, tal como os pastéis, acabamos sempre fritos
Traição transatlântica

Como se já não me bastassem as pressões que sofro por parte da Associação Europeia de Criadores de Burriés (AECB) porque excedi as quotas de produção, o facto de os meus burriés não terem calibre para exportação porque choveu de mais e na altura errada para o crescimento saudável de um bom burrié, e de ter neste momento um armazém cheio deles, que lamentavelmente vou ter que queimar ou oferecer para obras de caridade, chega-me do estrangeiro a notícia de que estava, uma vez mais, implicado com esse parente (um irmão, mas pouco próximo com quem tive que dividir titulo e terras do que outrora foi o gande e inteiro condado de burriés) na confecção de um livro de internéticas receitas de origem duvidosa.

Não posso deixar passar em claro este apelo do sangue, em que participarei embora contrariado e, ao mesmo tempo, sem deixar de forma inequívoca, que o sinto como uma traição. Toda a gente sabe que o cultivo dos burriés me toma grande parte do tempo e, aposto, estão todos à espera – olha, é o ganda maluco do Conde, e tal... – que eu faça umas piadolas fáceis, de preferência com gajas, não é? nada disso.

já que tenho que escrever aqui, só o vou fazer sobre o que e der na bolha e que descarto qualquer tipo de compromisso porque isto não é o da Joana

Tuesday, January 10, 2006




Prostituição clandestina?...Não!

Andam estas gajas a roubar a gente!...fui mal servido, e enganado...
Bom, não foi bem assim!...Quer dizer, um amigo meu deu-me a morada, e eu fui lá, só para ver o que era, claro, que eu não me meto com mulheres assim!...conversa puxa conversa, ela arregaçou a saia, sem cuecas, e eu...NÃO É NADA DISSO!!!!....Isto sou eu, com um vestido que comprei no Honest Ed's. Eu e o meu amigo Spencer, que comprou um vestido igual, só para irmos a um casamento de umas amigas!...Foi divertidíssimo, e rimos á brava. Além disso, éramos as gajas mais giras da festa, e mais bem vestidas, também!...Ainda houve lá uma pindérica ou duas que tentou, mas não nos chegavam nem aos calcanhares, pois...

Prostituição clandestina... Posted by Picasa
Não, não foi milagre!...
...mas foi a fortuna dos Condes de Burriés-de-Cima-e-de-Baixo, que quis sua graça dar-lhes assim mais um bocadinho de perspicácia, e deixou-os resolver por si próprios, graças aos seus espíritos obsessivos e compulsivos, que não descansavam enquanto não estivesse tudo muito direitinho!...Já os pontapés na ortografia são da autoria do Conde de Burriés-de-Cima, que está há 17 anos no estrangeiro, e perdeu o fio à meada com as alterações ortográficas, e não sabe bem se é cágado ou cagado!... Por falar nisso, há uma receita muito boa de sopa de cágado, mas eu não me lembro muito bem como é, e prefiro não as escrever, não vá dar cagada...
Mas o Blog, agora, está como deve ser, lá isso está!
Beijinhos
Nós, os Deficientes Cibernéticos...
Já estou farto de tentar compôr esta página do Blog, para recuperar o formato inicial que tinha o nosso profile mesmo aqui ao lado.
Tentei tudo o que me veio à cabeça, incluíndo comer uma sandes de mortandela, e até já meti uma pizza no forno, mas nada ajudou até agora!...
Se, por mero acaso, andar por aí uma alma, ou uma fada, que saiba do que é que eu estou a falar, que não se acanhe, nem se sinta fora de propósito para nos ajudar com esta gaita do formato da página...é que nós, na melhor das hipóteses, sabemos ligar e desligar só porque há um botão que diz isso, e mesmo assim, já queimei muita açorda ao lume com o tempo que perdi à procura desses botõezinhos!...
Beijinhos

Mais outro passo a caminho da vitória electrónica... Posted by Picasa

Mais outra tentativa para ultrapassar os desafios cibernéticos... Posted by Picasa

O Conde de Burriés-de-Baixo, em uniforme de trabalho Posted by Picasa

Como somos cibernético-iletrados, estamos a tentar colocar esta foto no blog, sem fazer a mínima ideia de como é que isso se faz...agradecemos toda a paciência que nos possam conceder! Posted by Picasa


UNIÕES VIZINHAS

A pedido de várias famílias anónimas, que nós nem conhecemos, decidimos juntar o ùtil ao agradável e passar a escrever o Blog em conjunto. Assim, aqui estamos, vizinhos e irmãos, companheiros de copos e touradas, e outras funções mais ou menos legais, que para aqui não fazem diferença, a escrever para todos, e acerca de tudo o que nos der na real gana!...
Beijinhos

PS - Mas estas imagens não são nossas!...Isto não somos nós!...Nós não fizemos isso!...

O Conde de Burri�s-de-Cima (esquerda), e o Conde de Burri�s-de-Baixo (direita), num jantar de comemora��o, em Veneza. Posted by Picasa

Os Condes de Burri�s-de-Cima e de Burri�s-de-Baixo, a exercerem o seu of�cio de proteger o mundo das garras dos burocratas!...hehehe Posted by Picasa

Monday, January 09, 2006

EM BUSCA DA ILHA PERDIDA...

Alguns de nós andamos à procura da ilha maravilhosa, do sonho utópico, daquele lugar sagrado que reconheçemos nos nossos corações, e que ainda acreditamos existir na realidade para além dos nossos desejos.
Porém, todos os meios de comunicação social nos mostram o contrário - um mundo sujo, impiedoso, violento.
Criançinhas ranhosas com moscas á volta dos olhinhos ramelosos; o casal que vive na caravana e que comeu o cão do vizinho com ervilhas estufadas; a menina que fez uma birra porque a mãe não lhe comprou o ùltimo modelo dos sapatos de ballet; mais um vagabundo que morreu de frio, sózinho, debaixo da ponte, porque lhe roubaram as botas enquanto dormia; O facho que lidera o Partido Conservador promete uma redução de impostos á classe mais alta, e promete eliminar a pobreza, até já mandou construir um novo campo de abrigo...em Aushwitz!...; O tsunami matou o triplo das pessoas que se tinha inicialmente previsto; Bush mentiu, uma vez mais, á sua população, e para reparar a sua falta ofereçe viagens gratuítas a jovens entre os 18 e os 21 anos a países exóticos, cheios de aventuras e surpresas!...as próximas viagens a serem sorteadas destinam-se ao Iraque!...Desligo a televisão. Dói-me a mão de carregar incessantemente no botão de mudar os canais, e vão 278!...Podia ter optado pelos canais de desporto, e ver o torneio de golfe, em directo!...Ai que bom!...É tão interessante como ver tinta a secar, ou relva a crescer...Ou podia ter antes escolhido o canal do boxe, e ver meia dúzia de palermas a partirem o naríz uns aos outros, e o sangue a brotar das suas bocas, ai que fome!... Preferia dizer que a outra opção seria ouvir música no rádio, mas mesmo isso se torna difícil devido á quantidade de publicidade necessária para manter o rádio vivo!...É como ver um filme que começa ás 7:00horas da noite, e acaba á 1:00 hora da manhã, deixem-me explicar, o filme só dura 90 minutos, os outros 270 minutos são dedicados á publicidade...
Mas afinal onde é que está a minha querida ilha?...entre a televisão e a sociedade devoradora (ou será consumidora?), e a ilha maravilhosa, com cólera e hepatite, e febre amarela, que venha o diabo e escolha!...Eu cá escolho a cólera, sempre dá uma diarreia valente e uma pessoa perde uns quilos valentes, e fica mais magro!...Eu conheço uma receita de galinha no espeto que faz o mesmo!...É assim:
Corta-se um peito de galinha em pedaços pequenos, temperam-se com sal, limão, rosmaninho e um pouco de vinho branco, e deixa-se repousar durante 5 ou 6 horas, ao sol, em cima da mesa do campismo. Depois, embrulha-se num plástico, para proteger das poucas moscas que ainda lá não tinham pousado, e deixa-se assim até ao outro dia de manhã. É preferível que a noite esteja quente para a carne poder fermentar bem. No dia seguinte, faz-se uma bela fogueira, até juntar as brasas necessárias para grelhar a carne. Quando o braseiro está pronto, fazem-se espetadas de galinha, usando palitos próprios para o efeito, e grelha-se assim a carne até estar bem passada. Serve-se metade, ainda quente, e guarda-se o resto, no mesmo saco de plástico, para o jantar. Como o calor do dia as deve manter mornas, não será necessário aquecê-las de novo. É garantido...diarreia por uma semana, e perdem-se 15 quilos num instante!...A melhor receita que eu conheço para emagreçer. Se estivermos numa ilha, pode-se fazer a receita com lagarto, ou ameijoas!...
Bom apetite, e boa sorte!...se encontrarem a minha ilha, telefonem-me!
Beijinhos, até logo.
AVISO AOS CRÉDULOS!

Ontem, durante um baile privado, estive a conversar com a Viscondessa da Porcalhota, e descobri que éramos vizinhos. Afinal, a Porcalhota e Burriés-de-Cima ficam no mesmo Concelho, e na mesma Freguesia!...Da Porcalhota a Burriés-de-Cima são cerca de 15 minutos, a pé, e a andar devagar. Bom, o melhor é voltar ao tema inicial, e á razão por estar a escrever este blog. Já a minha prima me dizia que eu não conseguia estar parado mais do que dois minutos, nem a fazer o mesmo, nem a pensar o mesmo! ADD, como ela lhe chamava, coitada, era estrangeira, e falava uma língua engraçada, mas ninguém percebia nada...Hey, wanna ride bikes?...
Pronto, lá estou eu outra vez a desviar a questão!...
Da conversa que eu tive com a Viscondessa da Porcalhota, falámos do stress causado pelas obrigações morais que temos em escrever constantemente no Blog, não só por necessidades pessoais, mas por demandas públicas. Ora, devido a essa pressão existente, eu devo deixar aqui bem claro que nós só escreveremos no Blog quando muito bem quizermos, nos apetecer, ou nos der na telha, ou na veneta. E pronto! Ficam desde já avisados que esta gaita não é o da Joana, nem o Comité de Decisões Externo. Aqui, quem decide somos nós, que escrevemos só quando quizermos e nos apetecer. Desta forma, liberto-me de futuras tensões e obrigações, implícitas ou explícitas, de escrever aqui todos os dias.
Sinto-me muito melhor!...Agora já sabem com o que podem contar, e não me peçam mais do que aquilo que eu vos posso dar. Também não sou assim sádico ao ponto de lhes desejar um texto diferente todos os dias! Eu sei muito bem as crises de nervos que causei aos meus professores de escola com as minhas redações de 15 páginas. Tenho dito.
Beijinhos

Are you there?... Posted by Picasa

Sunday, January 08, 2006

Lamentações Atmosféricas...
Cá estamos nós de novo, a continuar a primeira parte da receita do Canadá...Na parte inicial que escrevi, deixei-os com uma excelente receita de vegetais cozidos á moda de Peterborough.
Ainda voltando ao tópico do clima desta terra esqueçida, devo acresçentar que, se decidirem vir cá de férias no Inverno, não mijem contra as paredes (os cavalheiros, claro!), porque se sacudirem a pila, ela parte, e eu não estou a brincar!...Um amigo do primo do senhor que vende hortaliça no mercado, contou-me que isso aconteceu a um vizinho que tinha acabado de chegar cá, ainda fresquinho dos hábitos tradiçionais lisboetas!...partiu-se, e pronto...
Mas também não há só desvantagens com o clima frio! Por exemplo, se não quizerem comprar uma arca congeladora no inverno, ou se preferem poupar umas corôas na conta da electricidade, podem deixar ficar a comida na varanda, que a -25 graus não se estraga!...não é que eu esteja a ser cínico, além disso, até eu já fiz isso!...Depois veio o f###o da p### do vizinho e gamou as salsichas congeladas, que eram para depois de amanhã!...Quem é que disse que aqui são todos muito honestos?...Nem o governo, vejam lá!...
Tenho a impressão que vou mudar o nome do blog para Muro das Lamentações...mas isto é tão divertido...!
Agora vou-vos dar uma receita maravilhosa de carne estufada á moda de Lakefield, que é um pouco mais ao norte de Peterborough, como quem vai de Cascais ao Guincho.
Então é assim,
começamos por pôr um quilo de carne num tacho, sem óleo nem azeite, nem nada, que a carne já é gordurosa, e deitamos 1 decilitro de água, sem sal, para a carne levar um entalão. Depois, escorremos a carne muito bem, acrescentamos uma lata de tomate, pimenta preta moída, só para quem gosta de temperos muito fortes, claro, meia cebola picada, e deixa-se estufar. Serve-se com os vegetais que se começaram a cozer com duas horas de antecedênçia, para estarem prontos a horas!...Para a sobremesa, vão ao Tim Hortons, que tem uns donuts deliciosos, e o café de cevada também é muito bom!...
Se, por acaso, deixarem queimar a comidinha, não se apoquentem, que o KFC já faz entregas ao domiçílio, e é fácil, barato, e conveniente. Além disso, garante postos de trabalho para os cardiologistas daqui a 10 ou 15 anos! Que bom!...
P.S. - Não sei se sabem, mas, nos supermercados, aqui, um dos ingredientes dos pacotes de arroz é xarope de milho!...Vivam os Diabéticos!...Dar um xuto de açucar é que é bom!...
Beijinhos com grelotas, I love you forever, even if you are grotesquely obese!

Conde dos Burri�s-de-Cima Posted by Picasa
O Início...
Pronto, cá estamos nós a publicar as primeiras linhas do Blog, e isto tudo por causa da Viscondessa da Porcalhota! Ainda bem!...
Então é assim, lá vim eu, de malinha de cartão, parecida com a da outra, "aqui pó estrangero, pa trabalhari..."
Esta história de ir para o entrangeiro, lixa-me! Primeiro, porque não tinha de haver necessidade nenhuma de não se poder viver na nossa terra. Segundo, porque a maior parte dos países que aceitam imigração têm um clima de merda, senão estavam cheios de gente de lá, porra! Terceiro, quando nós andamos à procura de um país de oportunidades, e vamos ás respectivas Embaixadas, ou Consulados, em busca de panfletos e informação, eles NUNCA falam do clima!...E por aí fora, mas para não arrastar esta história por muito mais tempo, e para resumir a moral desta história, aqui estou eu, a viver numa rica arca frigorífica gigante, aliás, colossal!...Hum, se calhar devia corrigir o que acabei de dizer, porque nem uma arca frigorífica é tão fria como esta terra!...Aposto que já adivinharam...pois é, na terra da maravilhosa Polícia Montada (com aquelas fardas vermelhas!...mariconços!...), e ainda por cima em Toronto, o que já não é mau, porque passei 9 anos em Peterborough, que é como viver na província do século VIII, mas com comida sem sal, e onde os vegetais são cozidos durante 3 horas, para ficarem tenrinhos!...Ai que boa comidinha!... (continua)